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empresa forneceu os motores elétricos

usados na Fórmula E desde 2013.

Para McNamara, a luta pelo aumento

da autonomia das baterias é das mais

simples que pode haver, o que não

quer dizer que seja das mais fáceis.

Basicamente, é uma pesquisa que se

resume à relação entre as variáveis

peso e tamanho: uma bateria de um

carro elétrico consiste em dezenas ou

centenas de células ligadas entre si

e o seu desempenho é medido em kWh

(quilowatt-hora). Quanto maior for

o número de kWh por quilo de bateria,

maior é a autonomia. À medida que a

autonomia aumenta, as baterias ficam

mais largas, pesadas e caras.

“Estamos a trabalhar em baterias para

topo de gama, que pesam entre 600

e 700 kg, o que é aproximadamente um

terço do peso de um carro”, descreveu

Paul McNamara. “O desafio nos

próximos cinco a 10 anos é aumentar

a autonomia das baterias para os

650 quilómetros ou mais. Ou então

conseguir diminuir drasticamente

o peso das baterias, na ordem dos

20 a 30%, o que também aumenta a

autonomia”, acrescentou.

Vejamos o caso de outro veículo que

se está a impor no mercado: a bateria

do Renault Zoe pesa 240 kg, de um

total de 1468 kg. O diretor mundial

de vendas de viaturas elétricas da

Renault, Guillaume Berthier diz que,

enquanto os ganhos de eficiência estão

a ser feitos através da bateria,

a Renault também tem como alvo dos

seus esforços o interface entre baterias

e o motor elétrico, aplicando nesse

ponto as lições obtidas na Fórmula E

nessa matéria. “É o método Kaizen,

em que várias pequenas melhorias

contribuem para os ganhos gerais

25

MAR

I 2017

O desafio para os

próximos cinco a 10 anos

é aumentar a autonomia

para 650 km ou mais,

diz o engenheiro-chefe

da Williams Advanced

Engineering

de eficiência”, resumiu Berthier.

O diretor de vendas de elétricos da

Renault também vê um futuro em

que diferentes opções de baterias vão

estar cada vez mais à disposição do

consumidor, tal como a Tesla já o faz

totais de veículos novos na Europa

Ocidental, com os analistas

a admitirem que esta percentagem

até poderá estar a baixar atualmente.

O cerne da questão está nas baterias

que alimentam estes carros. São a

principal causa da chamada ansiedade

da autonomia - o medo de ficar

parado na estrada sem poder efetuar

um carregamento de energia. E são

também as baterias as responsáveis

por um terço dos custos de produção

de um elétrico, o que se traduz em

preços muito elevados para este

tipo de mobilidade. Por exemplo,

um Volkswagen E-Up! é vendido na

Alemanha a 26.900€, ao passo que o

mesmo modelo convencional se fica

entre os 9.850€ e os 14.025€, ou seja,

na pior das hipóteses, são mais

de 10 mil euros de diferença.

Mesmo com elevados subsídios por

parte dos governos, os elétricos

são muitas vezes os mais caros do

seu segmento. Apesar de tudo, este

problema está a ser combatido pela

indústria. Segundo a agência de

notícias Bloomberg, o preço das

baterias caiu cerca de 35% em 2015.

E o interesse em investir é grande,

como se pode ver pela Tesla, que está

a construir uma Gigafactory para, em

2020, produzir num só ano tantas ou

mais baterias de iões de lítio do que

o total de baterias produzidas em todo

o mundo em 2013. Este são passos que

mostram que os elétricos procuram a

economia de escala e reduzir custos.

O trabalho de desenvolvimento

centra-se agora no rápido aumento

da autonomia das baterias dos carros

elétricos, um esforço que nalguns

casos tem o desporto automóvel

como base de testes, como é o caso

da Renault, que desenvolve veículos

elétricos e participa na Fórmula E.

VIGIAR O PESO

“Nós desenvolvemos o Aston Martin

RapidE e o Nissan BladeGlider, ambos

carros elétricos de cunho desportivo,

e estamos a trabalhar numa bateria

híbrida muito avançada para mais

uma marca topo de gama”, explicou

o diretor técnico da Williams Advanced

Engineering, Paul McNamara. Esta

atualmente. “Temos de nos adaptar

aos diferentes tipos de consumidores.

Alguns consumidores podem preferir

a maior autonomia possível, mesmo

que isso eleve o preço, mas outros

irão optar por um preço mais baixo

e menor autonomia, pois a suas

necessidades diárias são menores”.

A tecnologia de iões de lítio parece

ter-se imposto como a principal

opção, isto depois de se ter tentado

outras opções como as baterias de

hidreto metálico de níquel.

“Até poderão aparecer outras

tecnologias de baterias, que consigam

ser disruptivas, mas para isso terão

de provar que trazem benefícios

substanciais face às baterias de iões

de lítio”, considera McNamara.

“Há enormes avanços a serem feitos

pela indústria na área das baterias com

os iões de lítio e, por isso, é expectável

que em breve haja um crescimento da

quantidade de quilowatts por quilo de

bateria na ordem dos 5 a 6% por ano.

Por muito que a densidade energética

das baterias aumente a autonomia,

o peso das baterias irá sempre ser

preponderante na equação: quanto

menos um carro pesa menos energia

precisa", resumiu. “Cerca de 60%

Paul McNamara defende que

é na relação entre peso e

tamanho da bateria que está

o segredo da autonomia