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26

MAR

I 2017

da bateria é composta por células

que armazenam a energia, mas os

restantes 40% são a estrutura de

segurança contra incêndios

e impactos, os sistema de

arrefecimento e de controlo e ainda

as ligações elétricas ao motor, que

são enormes pois têm de aguentar

correntes na ordem dos 600 amperes”,

explicou Paul McNamara. Também

Berthier, da Renault, concorda que

"é importante ser eficiente e poupar

no peso”. Os sistemas elétrico, de

temperatura e ventilação também

afetam a autonomia das baterias:

só o aquecimento pode reduzir

a autonomia em 20%.

ACÚSTICA MENOS

GASTADORA

Mas há outros fatores, indispensáveis

para muitos consumidores, que

também precisam de ser resolvidos

para não afetar a autonomia.

Um deles é o gasto de energia com

o som no habitáculo. A Porsche já

está a trabalhar nos sistemas de

infoentretenimento. Tendo revelado

em 2015 o Mission E, um concept-car

desportivo totalmente elétrico, este

já deverá trazer sistemas áudio de

qualidade superior. É que cerca de

80% dos clientes da Porsche optam

por instalar potentes sistemas de som

Bose, com 10 a 15% dos restantes

a escolher um topo de gama da marca

Burmester. “A nossa próxima grande

tarefa é trabalhar os sistemas de som

de forma a serem mais poupados”,

revelou o engenheiro de som Matthias

Renz. “Um sistema de som com 1.500W

consome energia e reduz a autonomia

de um elétrico. Os nossos mais

recentes tweeters (colunas de sons de

alta-frequência) tem uma película mais

leve e um íman mais forte para uma

maior performance e eficiência.

Os ganhos tangíveis estão já a deixar

marcas: quando o Renault Zoe foi

lançado, em 2012, a sua bateria de

22 kWh oferecia uma autonomia

de 208 km. Esse valor aumentou

recentemente para os 238 km com um

motor e um sistema de controlo mais

eficientes. Mas, no Salão de Paris do

ano passado, a Renault anunciou um

novo motor de 41 kWh para o Zoe,

que elevou a autonomia para os 400

km, quase dobrando o primeiro valor

em apenas quatro anos. Esta bateria

mantém o mesmo tamanho e só pesa

mais 22 quilos.

A Tesla Motors, a primeira marca

a usar baterias de iões de lítio,

mostrou recentemente um novo pack

de bateria de 100 kWh para o Model

S e Model X. A química das células

cilíndricas – a maioria dos fabricantes

usa baterias com células revestidas

a folha – mantém-se inalterada, mas

as baterias acumulam mais energia

com o mesmo espaço. Em resultado

disso a autonomia sobe dos 460 km

para bem acima dos 480.

Os fabricantes confiam que uma maior

autonomia das baterias, associada ao

alargamento da rede de carregamentos

elétricos – existem atualmente 60 mil

pontos públicos de carregamento na

Europa -, assim como a redução do

"AINDA FALTAM ALGUNS ANOS

PARA O ELÉTRICO DOMINAR"

Para o Presidente do ACP Motorsport,

Mário Martins da Silva, o futuro do

automóvel elétrico ainda “vai passar

pelo híbrido, em que coabitam os

motores de combustão e elétrico”.

Isto porque, “ao contrário do que

pode parecer pelas notícias sobre

elétricos, o motor de combustão ainda

vai durar muito tempo". Ou seja, vai

caber aos híbridos, sobretudo Plug-in,

fazer a transição gradual entre os

dois modelos, "não só por causa da

autonomia limitada dos elétricos,

mas também porque não é de um

momento para o outro que se larga

os combustíveis fósseis e toda a

estrutura montada em redor da

extração, refinamento, armazenagem,

transporte e revenda do petróleo”,

explicou. O crescimento da consciência

ambiental por parte do consumidor,

a par de eventuais crises energéticas

causadas pela previsível escassez do

petróleo, são as razões que, na sua

opinião, têm motivado as marcas

a investir nesta tecnologia, “o que

acho muito bem, pois é muito

importante desenvolver alternativas".

Alguns fabricantes de elétricos

já conseguiram superar

a barreira dos 400 km

de autonomia

tempo de carregamento, vai suscitar

uma maior procura de veículos

elétricos por parte do consumidor.

E se tal acontecer, a economia de

escala irá acelerar, reduzindo os custos

das baterias e, por isso, os custos

dos carros elétricos. Para Berthier,

"isso já está a acontecer, já entrámos

no círculo virtuoso da produção de

baterias”, garantiu este responsável da

Renault. Se a Bloomberg noticiou que

os preços das baterias baixaram cerca

de 35% em 2015, ao mesmo tempo as

vendas de veículos elétricos terão

subido cerca de 60%, o que leva aquela

agência de notícias a prever que os

elétricos atinjam a paridade de preço

dos veículos a combustão entre os

anos de 2022 e 2028.

Se aquela análise se provar correta,

os veículos elétricos vão estar numa

posição forte para reconquistar

a liderança de vendas pela primeira

vez no último século.