Revista ACP julho

27 possibilidade do uso de combustíveis de baixo carbono, sintéticos ou de origem biológica", defendeu António Comprido, da Apetro, membro da mesma plataforma. Segundo Jaime Braga, da Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis, "os biocombustíveis misturam-se em qualquer proporção e, no limite, podem substituir os combustíveis líquidos de origem fóssil sem qualquer necessidade de novas infraestruturas ou uma logística diferente de abastecimento de outros veículos e, ainda, de alteração de rotinas e de hábitos para os condutores". Na Europa, existem 300 milhões de carros a combustão Na Europa existem mais de 300 milhões de veículos ligeiros a combustão e, para e-Fuel Alliance, uma associação que junta mais de 180 empresas e se dedica ao desenvolvimento e promoção dos combustíveis sintéticos, "é excelente que a porta esteja agora aberta e agradecemos também ao Governo português ter tomado posição nesta matéria", afirmou Tobias Block. Para este responsável, já há bons sinais como a parceria entre a Porsche e a Exxon que vai resultar na produção de 50 milhões de litros de combustíveis sintéticos no sul do Chile. A produção em larga escala vai esmagar os custos e permitir preços na ordem de 1 euro por litro ao consumidor, defende a e-Fuel Alliance. Os biocombustíveis continuam ainda hoje a ser a forma concreta de realizar a solução para a descarbonização dos transportes, tal como o têm demonstrado desde o início deste século. Têm uma presença discreta, real e permanente no gasóleo e na gasolina que todos consumimos, mas a seu favor o facto de serem responsáveis por 90% da energia não-fóssil consumida nos transportes. Os biocombustíveis continuam a ser a forma conreta de realizar a descarbonização dos transportes Para que se entenda claramente qual a sua origem, importa saber que mais de 70% provêm das diversas matérias residuais, consistindo a maior parte dos restantes 30% em derivados de óleos vegetais que, na sua obtenção, proporcionaram a existência de uma muito maior quantidade de farinhas essenciais à alimentação animal (designadamente de soja e de colza) de que o país tanto carece. Há que dizer ainda que esses resíduos, na sua parcela nacional, agora muito valorizados, não eram aproveitados e, alguns, nem sequer recolhidos. Esgoto e aterro eram os seus destinos, uma situação que os biocombustíveis vieram alterar substancialmente para melhor do ponto de vista ambiental. Para a descarbonização dos transportes estão agora a ser consideradas muitas opções, nomeadamente a eletrificação, as pilhas de combustível e as muitas possibilidades de produção de combustíveis sintéticos com base em matérias residuais e hidrogénio. Somos da opinião de que todas as possibilidades atrás indicadas serão necessárias para se atingir tal objetivo, quer pela dimensão do desafio, quer pelos custos envolvidos no desenvolvimento das tecnologias por amadurecer e pela necessidade de novas e dispendiosas infraestruturas, mas, sobretudo, pela acessibilidade para muitos consumidores a algumas das novas tecnologias. São um elo vital para as várias cadeias de valor indispensáveis ao equilíbrio económico do País Os biocombustíveis, hoje uma opção reconhecidamente sustentável e economicamente viável, podem, e devem, aumentar a sua quota na solução deste problema; Portugal tem capacidade para a sua produção e são elo vital para várias cadeias de valor indispensáveis ao equilíbrio económico e ao abastecimento do País, designadamente a alimentação animal e a valorização de resíduos obrigatória por compromissos europeus e, também, a exigência de um ambiente saudável. • ENG.º JAIME BRAGA Secretário-Geral da APPB - Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis Biocombustíveis: Uma opção viável e sustentável Exceção para os supercarros Vão estar autorizados a manter os motores de elevadas emissões já depois de 2035, pois os construtores com vendas inferiores a 10 mil unidades podem negociar objetivos específicos de CO2 até 2041.

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