Revista ACP outubro

AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL OUTUBRO 2024 | 17 Neste caso a aposta deverá passar por um aumento dos investimentos em novas tecnologias como a inteligência artificial e automação. Incentivos fiscais para reduzir a pegada de carbono e aumentar a eficiência energética das empresas é outra das sugestões. Proteger sem protecionismo A proteção da indústria automóvel europeia da concorrência desleal de outros países (caso da China) é um dos desafios mais complexos. O relatório sugere medidas mais robustas para garantir que as suas indústrias não sejam prejudicadas por práticas comerciais injustas, enquanto incentiva a inovação e a produção dentro das suas fronteiras. Mas, para Draghi, é preciso evitar as "armadilhas do protecionismo", não impondo taxas aduaneiras sistemáticas. Formar para melhorar O plano inclui também uma componente dedicada à formação e qualificação. Para tal propõe a criação de programas de formação técnica e requalificação profissional, em colaboração com universidades e centros de investigação, para preparar os trabalhadores para as novas exigências de um setor em franca transformação e com um tremendo peso na economia da União Europeia. • Europa tem que ser competitiva face aos concorrentes Rosário Abreu Lima DIRETORA OPINIÃO Revelado o famoso plano do ex-presidente do Banco Central Europeu, a pergunta é inevitável: quem dos 27 está disposto a contribuir para os 800 mil milhões/ ano durante os próximos 5 anos? E desses, quem arrisca ir a jogo já que o relatório é demasiado vago na concretização do aumento da produtividade e na resolução do problema energético europeu? Draghi nada diz sobre energia nuclear para compensar o fim das energias de base carbono, como reforça o papel das energias renováveis, bastante mais caras. Mais ainda. A tão almejada autonomia europeia, face aos EUA e à China, deixa-nos a sensação de mais um amontoado de palavras em letra de forma. Uma Europa indecisa e por vezes titubeante na competitividade e na defesa dos seus vai agora realizar um plano massivo de investimento através de dívida comum europeia? Mesmo que a questão do financiamento seja ultrapassada, há ainda a parte política. As últimas eleições têm mostrado uma tendência para movimentos nacionalistas, avessos ao projeto comum europeu. E, no caso da indústria automóvel, a fratura está exposta há muito tempo. Vamos ter seguramente muitos próximos episódios desta novela.• Quem arrisca?

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