AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL JUNHO 2024 | 19 O “Alberto” voltou inteligente Em 2019, o ACP lançou uma campanha de sensibilização rodoviária dirigida aos jovens utilizadores de trotinetas e bicicletas. Bastava bater com um martelo em duas melancias, uma com capacete e outra sem, para se ter uma ideia bem próxima do efeito de um embate de uma cabeça contra uma superfície dura. A campanha “Não sejas Alberto. Pensa pela tua cabeça!” pretendia de uma forma lúdica envolver os mais novos e os seus penteados na necessidade absoluta de circularem com capacete. Os “Alberto” desta história argumentavam: “O capacete é feio, estraga o cabelo...” ou, como os heróis da banda desenhada,“andamos devagar, é só daqui ali e não acontece nada”. A estes “Albertos” , juntou-se o governo de então contra o uso obrigatório do capacete nestes veículos, com base num parecer com mais de 50 anos e um país radicalmente diferente. Cinco anos depois, o mais recente estudo do Observatório ACP revela que são os mais novos a defender o uso obrigatório do capacete. O que mudou? Podemos apontar várias razões, mas inclino-me para o efeito ‘boca a boca’. Nos últimos anos, mesmo sem grandes dados oficiais (muitos sinistros não são reportados), todos conhecemos alguém que sofreu pelo menos um susto – de trotineta, bicicleta, moto ou carro. Enquanto condutor ou peão. A juventude é naturalmente imprudente, mas mostra também que pensa pela sua cabeça. E está penteada.• Rosário Abreu Lima Diretora 86% dos inquiridos quer o uso obrigatório do capacete 2 em cada 3 inquiridos defende o seguro obrigatório para a condução de bicicletas e trotinetes Sim para ambos Apenas para bicicletas Apenas para trotinetes Não acha necessário Ns, Nr Apesar dessa opinião, a maioria dos inquiridos (86%) é a favor da obrigatoriedade do uso de capacete. Esta opinião é particularmente prevalente entre os homens na faixa etária dos 25 aos 34 anos com estudos superiores. Outra obrigatoriedade apoiada pelos inquiridos é a do seguro para a utilização de bicicletas/ trotinetes, com cerca de 2 em cada 3 jovens inquiridos (66%) a considerá-lo necessário. Apesar da elevada percentagem de utilizadores de bicicleta/trotinete, apenas 3 em cada 10 inquiridos utiliza serviços de aluguer/partilha deste tipo de veículos. Assim, a maioria dos utilizadores de bicicleta/ trotinete é proprietário do veículo em questão, com 52% dos jovens a revelar possuir pelo menos um destes meios de transporte. Em relação aos restantes meios de transporte, o estudo revela que os jovens portugueses despendem diariamente entre 10 e 60 minutos em deslocações a pé (58%) e deslocações de carro (40%). Quanto aos transportes públicos, o autocarro (47%) e o metro (41%) são os mais utilizados.•
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