Revista ACP junho

16 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL JUNHO 2024 O Representante Permanente de Portugal junto da União Europeia, Pedro Lourtie, analisa em entrevista os principais desafios que a União Europeia vai enfrentar neste novo ciclo político O que esperar dos próximos 5 anos? Serão certamente anos muito importantes para o projeto europeu. A UE vê-se hoje confrontada com grandes desafios em várias frentes. Desde logo, na vertente securitária, com uma guerra na sua fronteira leste, e com vários focos de crise e de instabilidade na sua vizinhança. A situação no Médio Oriente é particularmente preocupante. Do mesmo modo, a UE terá de continuar a fazer o seu caminho rumo à neutralidade carbónica até 2050 e de acelerar a sua transição digital, sem perder de vista o objetivo importante de reindustrialização e de reforço da sua competitividade global e coesão. Esta ambição – que contribuirá para o reforço da autonomia estratégica e do peso da União Europeia no mundo – deverá ser prosseguida em estreita cooperação com os nossos parceiros internacionais e contribuir para a prosperidade, segurança e bem-estar dos cidadãos europeus. A União Europeia sempre foi e será uma defensora da ordem internacional – tema que, nos tempos incertos em que vivemos, assume renovada importância. É preciso estimular um ambiente de cooperação, inovação e investimento que permita à Europa estar mais bem preparada para enfrentar futuros desafios, qualquer que seja a sua natureza. Quais as consequências para Portugal? Portugal é um país da linha da frente da construção europeia, que encara todos os desafios com sentido de responsabilidade e que, na União, Pedro Lourtie tem 53 anos, é licenciado em Economia pelo ISEG e Mestre em Estudos Económicos Europeus pelo Colégio da Europa (Bruges). É o Representante Permanente de Portugal junto da União Europeia desde 2022. “A resposta aos desafios globais exige uma UE com peso no palco mundial” Apesar das diferenças que possam existir no seu seio, a UE tem vindo a conseguir responder de forma eficaz e coesa às sucessivas crises e desafios. Estou convicto de que continuará a fazê-lo durante o novo ciclo político que se vai iniciar. Vivemos tempos de economia pré-guerra? Vivemos tempos exigentes, mas julgo que não devemos ser alarmistas. A economia europeia tem dado mostras de vitalidade, e a inflação está em curso de se estabilizar. É importante criar agora as condições necessárias para o reforço do investimento – elemento central para a competitividade do Mercado Interno europeu, que dominará em grande medida o debate económico na Europa nos próximos anos. Mas é também verdade que a guerra na Ucrânia e a pandemia de COVID-19 serviram de alerta para a necessidade de aumentar o investimento na defesa da Europa, de modo a nos reforçarmos perante ameaças externas à nossa segurança, bem como para a necessidade de cuidar das cadeias globais de abastecimento e reduzir dependências que nos fragilizem em tempos de crise. Temos de o fazer para termos uma Europa mais resiliente, que consiga proteger os seus cidadãos e responda aos justos anseios das nossas famílias e empresas. ENTREVISTA Europa

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