Revista ACP março

52 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL MARÇO 2024 A doença cardiovascular na mulher – sinais de alerta Em Portugal, no ano de 2020, por cada 100 homens que morreram por doença cardiovascular, morreram 125 mulheres pela mesma causa. Porquê? Quando se fala de doença cardiovascular o que nos vem à ideia é o ataque cardíaco, nome vulgar que se dá ao enfarte, e esta é a imagem que habitualmente criamos. A dor não é, geralmente, uma dor muito definida. A localização é feita com a mão aberta e não tanto com o dedo, tipo “dói-me aqui” ou “dói-me ali”. Também não é tanto uma dor, é muitas vezes referida como uma sensação de pressão, de desconforto no tórax que irradia muitas vezes para o braço, para as costas ou para o pescoço. A acompanhar esta dor, podem surgir vómitos e náuseas, sensação de indigestão. Por vezes o doente queixa-se de falta de ar, dificuldade em respirar e pode mesmo referir que se sente cansado, com algumas tonturas. A dor no peito é de facto o sintoma dominante que nos faz pensar que estamos a ter um ataque cardíaco. Os outros sintomas ou queixas compõem o quadro clínico sem que seja obrigatório estarem presentes. O que acontece com muita frequência na mulher, especialmente a mulher com menos de 50 anos, é que as queixas que refere não incluem a típica dor no peito que nos leva a suspeitar (a nós profissionais de saúde e à doente) que estamos perante um ataque cardíaco. Ter dor no ombro ou nas costas, estar cansada, foi um mau jeito que se deu e que irá certamente passar com uma pomada. A falta de ar ou o cansaço pode ser qualquer coisa respiratória que eventualmente irá passar como surgiu. Sentir-se nauseada e com vómitos foi decerto qualquer coisa que comeu, que não caiu bem no estômago e que certamente, com um chazinho, vai passar. É muito frequente no sexo feminino, as queixas predominantes que elas apresentam durante um ataque cardíaco, não incluírem a dor no peito que a imagem sugere, e que é muito habitual no sexo masculino. As queixas são suficientemente vagas para desviar o foco do coração e acreditar que é qualquer coisa passageira que irá passar com aquelas “mezinhas caseiras”. É esta diferença na manifestação da doença nas mulheres que é responsável pelo atraso no pedido de ajuda médica, no atraso do diagnóstico e no atraso no início do tratamento. É por isso que a doença cardiovascular mata mais mulheres do que homens. • Junte-se à Fundação Portuguesa de Cardiologia e envolva-se nesta causa. Consulte o site da Fundação para saber como apoiar: www.fpcardiologia.pt Fundação Portuguesa de Cardiologia

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