Revista ACP março

12 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL MARÇO 2024 o 4º maior fabricante mundial de automóveis, que congrega marcas como Peugeot, Citroën e Fiat. Carlos Tavares, CEO, afirmou que “se não tivermos cuidado, acabaremos por ter veículos elétricos inacessíveis e fabricantes chineses a suplantar-nos”, revelando que aqueles têm “custos de produção 30% mais baixos”. A Renault, a única marca europeia presente no Salão de Genebra no início de março, propôs criar um consórcio de países e fabricantes para produzir elétricos mais baratos, lembrando o exemplo da Airbus, criada para combater a norte-americana Boeing no setor aeronáutico. "Há duas coisas em que temos de concentrar a nossa indústria: a eletrificação e a integração digital nos veículos", referiu Luca de Meo, CEO da Renault. • PEDRO BRINCA PROFESSOR ASSOCIADO DA NOVA SBE OPINIÃO Concorrência O domínio chinês nas baterias Um dos elementos fundamentais para o sucesso de um automóvel elétrico é a bateria, sendo responsável pela autonomia e pela potência. E é aqui que a China volta a mostrar o seu imenso domínio, tanto no produto acabado quanto nas matérias- -primas. Medindo o fabrico de baterias em Gigawatt-hora (GWh) em 2023, a CATL produziu 243.3 GWh, seguida da BYD com 117 GWh. Juntas foram responsáveis por 53% das baterias montadas em todo o mundo, equipando modelos da Tesla, BMW, Toyota, Mercedes-Benz, KIA e Ford. • É possível que a paciência do chinês se esgote com o abrandamento económico e ninguêm sabe o impacto que pode ter no resto do mundo O presidente da China teve uma mensagem histórica de Ano Novo na qual, pela primeira vez desde que assumiu a liderança do partido comunista em 2012 e do país em 2013, fez referência a problemas económicos que assolam o país. Em apenas 40 anos a China passou de ser um dos países mais pobres do mundo para ser o maior exportador mundial e segundo maior importador. Multiplicou o seu rendimento real 86 vezes desde 1978 e é hoje, de acordo com o Banco Mundial, um país de rendimento médioelevado. Um país de contrastes, onde uma ditadura comunista de partido único conseguiu, mas com políticas orientadas para o mercado global, tornarse a fábrica do mundo. Não obstante, o crescimento foi extraordinário precisamente também porque partiu de uma base muito baixa. E se há uma regularidade empírica na literatura do crescimento que é especialmente robusta é em mostrar que quando países como a China começam a atingir níveis de rendimento mais elevado, o crescimento começa a abrandar e a convergir com o das economias mais desenvolvidas. Em 2012 a taxa de crescimento foi de 10%, em 2023 de “apenas” 5%, com o grosso do abrandamento a sentir-se no período de 2011 a 2019. Desde 2007, o crescimento da produtividade foi de apenas 1% por ano. A China ainda se encontra longe do nível de rendimento das economias mais desenvolvidas – USD 12.720 per capita, pelo que seria de esperar mais alguns anos de crescimento robusto. Mas nos últimos anos perdeu-se o ímpeto reformista, no plano económico e político. Desde 2010 que o governo chinês passou a ter um papel mais interventivo na economia privada. Começou a entrar no capital de muitas empresas e tornou obrigatório que membros do partido comunista chinês façam parte da gestão de empresas que queiram estar cotadas nas diferentes bolsas chinesas. À atenção dada pelos analistas aos números acima de 20% de desemprego jovem em julho, respondeu o governo com o fim da publicação dessa estatística. Isto são alguns exemplos de um conjunto de problemas políticos e económicos que têm sido observados. Enquanto os chineses sentirem a vida a melhorar dramaticamente de ano para ano, tenderão a tolerar as fortes limitações às suas liberdades individuais, mas é possível que a paciência do chinês se esgote com o abrandamento económico e ninguém sabe o impacto que a segunda maior economia do planeta pode ter no resto do mundo. • Tirando a Mercedes-Benz, que está contra a aplicação de sanções aduaneiras, as princiapis marcas da Europa querem uma reação mais forte O perigo chinês

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