Revista ACP novembro

AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2023 | 53 ADELINO DINIS JORNALISTA O ACP e os veículos clássicos Tendo tido um papel tão importante na difusão do automóvel há 120 anos, podemos dizer que o ACP não se apressou a ocupar o seu legítimo lugar na proteção mais ativa do nosso património rolante. É, no entanto, inegável que, quando o fez, em novembro de 2001, causou um impacto significativo neste setor, com grande dinamismo, capacidade de organização e a força de um clube então quase centenário e com significativa importância na sociedade portuguesa. A recuperação de provas como o Quilómetro Lançado da Valada, as 500 Milhas ACP, o Passeio dos Ingleses e o Cascais Classic Motorshow tornaram-se marcos incontornáveis no calendário de eventos dos clássicos. Ao mesmo tempo, os serviços de acompanhamento dos colecionadores e até dos profissionais do setor tornaram mais simples e fácil todo o processo de aquisição, restauro e utilização dos veículos clássicos em Portugal. Um aspeto muito significativo prendeu- -se com a importância internacional do ACP, membro destacado da FIA e da sua antecessora AIACR, que remonta ao início do século XX. Com estas ligações, o ACP esteve na primeira linha no processo de defesa do património histórico automóvel, através da comissão histórica da FIA. Este facto é de enorme importância porque passaram-se duas décadas e é justo dizer que o mundo mudou mais depressa do que nós. Hoje as preocupações com a descarbonização da atividade humana e os objetivos ambiciosos do Acordo de Paris para 2050 comandam uma parte significativa do nosso presente e do nosso futuro. Ignorar esta realidade não traz qualquer vantagem a uma discussão ponderada sobre como podemos proteger o nosso património histórico automóvel. Este inclui não apenas os veículos e os colecionadores, mas também uma significativa pletora de empresas e profissionais que se dedicam a este meio, preservando conhecimento e contribuindo para as economias nacionais e europeia. As instituições não são como as pessoas, que podem escolher passar o testemunho à próxima geração e pedir-lhe que continue a missão que escolheu. Felizmente, com a juventude dos seus 120 anos, o ACP tem todas as condições para poder continuar a reinventar-se, adaptando-se à realidade e promovendo o progresso, sem esquecer a história e a paixão pelo movimento, que nos trouxe até aqui. • OPINIÃO as atenções da imprensa. Caso de um repórter do jornal O Elmano que afirmou: "o trem caminha perfeitamente e dá as voltas muito bem" e, "na Praça de Bocage, juntaram-se mais de mil e quinhentas pessoas para assistir à partida do senhor Conde". Também o semanário O Districto registou o acontecimento ao noticiar que o Conde de Avilez, antes de partir, percorreu "algumas ruas da cidade, concorrendo muito povo a admirar este novo phaeton, primeiro em Portugal", relatando mesmo a viagem que o carro fizera desde o Barreiro até Setúbal: "Esteve na terça-feira nesta cidade o novo trem movido a petróleo. Vinham no referido trem o seu proprietário, sr. Conde de Avilez e um engenheiro francês, segundo nos consta. Veio numa hora do Barreiro a Setúbal por Palmela, onde foi enganado no trajecto a seguir, tendo de descer a calçada de Palmela, que é muito íngreme. O trem, ao chegar ao fim da calçada, involuntariamente atropelou um burro, molestando-o levemente". Tinha acontecido o primeiro acidente rodoviário em Portugal.• "O trem involuntariamente atropelou um burro, molestando-o levemente". Tinha acontecido o primeiro acidente rodoviário em Portugal

RkJQdWJsaXNoZXIy ODAwNzE=