AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2023 | 51 ALEXANDRE CORREIA JORNALISTA RUI CARDOSO JORNALISTA ACP sempre foi sinónimo de desporto automóvel! As comemorações dos 120 anos do Automóvel Club de Portugal não podiam ter tido melhor programa, com o Passeio Figueira da Foz-Lisboa, que recriou a pioneira das provas de estrada em Portugal, organizada em 1902. Nessa altura, o Real Automóvel Club de Portugal ainda estava ser constituído e ao longo da história, o nome do ACP tornou-se como que num sinónimo de desporto automóvel! Aliás, não foi por acaso que até um passado ainda recente, era o próprio ACP que superentendia a actividade A cavalo num relâmpago se percorreram 120 anos O comboio começou a transformar Portugal em 1856, eliminando isolamentos ancestrais e ligando-nos à Europa. Meio século depois, nova revolução. “Viajar em auto é correr mundo, a cavalo num relâmpago”, escreveu então Teixeira de Pascoaes, após uma aventura de 22 horas, de Gatão (Amarante) a Viseu. Os primeiros automobilistas eram pioneiros num mundo por desbravar. Faltavam estradas decentes, bombas de gasolina, oficinas, sinalização… desportiva em Portugal, através da secção que ficou conhecida por CDN, acrónimo de Comissão Desportiva Nacional. Esse papel foi transferido para a federação nacional que, entretanto, se constituiu, mas a representação de Portugal na Federação Internacional do Automóvel (FIA), prevalece sob a tutela do ACP. Desde sempre ligado ao automobilismo e ao seu desporto, com 44 anos de jornalismo nesta área, as minhas memórias mais antigas de uma competição são, ainda miúdo, a partida de uma das primeiras edições do Rali TAP, na alameda do Parque Eduardo VII, junto à Praça Marquês de Pombal. Anos mais tarde, também consegui “dispensa” das aulas para assistir em Sintra e Montejunto à passagem do Rali de Portugal/Vinho do Porto. Mas também fui à Rampa da Serra da Estrela, que atraia à Covilhã os grandes nomes que animavam o Campeonato da Europa de Montanha, como os irmãos Almeras, franceses que impressionavam pelos Porsche preparados por eles próprios. E ainda hoje não falho as mais importantes provas de todo terreno que se realizam em Portugal, todas sob a égide do ACP, que em 2024 terá o privilégio de organizar a única prova do Campeonato do Mundo de T.T. que terá lugar no espaço europeu. • OPINIÃO OPINIÃO Aquilo que parecia um brinquedo de excêntricos endinheirados massificou- -se, graças aos Ford T, VW, 2 CV, Fiat 600, e tantos outros “carros do povo”. A história do Automóvel Club de Portugal confunde-se com a história do automóvel neste país. É a história de um clube de massas que pede meças aos de futebol. Um clube que sempre prestou serviços aos sócios. Lembro-me nos anos 70 de ir à Rua Rosa Araújo tirar a licença internacional de condução e trazer itinerários rodoviários Europa fora, algo estranho para viciados no GPS, Waze e afins, sempre à beira de um ataque de nervos quando o sistema falha. E depois, claro, a vertente desportiva, a começar pelo melhor rali do mundo que nos anos 80 me fazia dar a volta a Portugal de Peugeot 504, dormindo à beira do troço de Carvalho de Rei e não perdendo o arranque da derradeira classificativa: Coruche. A partir de 2007, com a integração da estrutura do antigo Clube Aventura, a vertente desportiva enriqueceu-se com a mais bonita e emocionante disciplina do desporto automóvel: o todo-o-terreno, da Baja de Portalegre (com 37 edições) às 24 Horas de Fronteira (à beira de completar 25 anos). Discursos para quê? É o ACP… • Desporto
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