60 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL SETEMBRO 2023 ENVIE AS SUAS DÚVIDAS PARA A REVISTA [email protected] É absolutamente verdade que uma desidratação severa (leia-se desumidificação) do ar ambiente no interior dos edifícios de habitação ou de serviços, pode, com grande probabilidade, ser a causa direta da vasta sintomatologia, conforme invocado pela autora do artigo, porém, esta situação, fisicamente, só seria possível pela utilização da tipo de ar condicionado em espaços totalmente herméticos, e sem ventilação. Ora, este modelo de espaços herméticos tem pouca aderência à realidade, pois em tal espaço, a existir, antes dos sintomas acima referidos, certamente emergiriam as consequências da concentração de CO1. O modelo hermético é incompatível com a obrigatória existência construtiva de ventilação natural ou ventilação forçada, e reforçada pelos efeitos dinâmicas induzidos no ar interior, pela natural movimentação humana entre espaços. É evidente que, os espaços não sendo de todo herméticos, nas situações em que o ar exterior, ele próprio, apresente humidades relativas da ordem dos 30%, ou apresente taxas de poluição elevadas, superiores à do ar viciado a renovar dos espaços, e em que a necessária filtragem é ineficiente, mesmo sem ar condicionado, nestas condições, estes espaços podem ser propícios a sintomatologias ainda mais diversificadas. Gritante porém é a questão do mito das infeções pelo ar condicionado em que a ilustre Pneumologista associa a Legionella aos filtros contaminados dos equipamentos de ar condicionado, teoria esta que efemeramente existiu associada à pandemia por SARS COV2, eficazmente desmontada par reputadas investigadores, demonstrando que só em meio aquoso com temperaturas bem definidas e com nutrientes adequadas poderão existir formações de colónias de Legionella, e em que, esta ou outras bactérias, a existirem, terão origem no fluxo de ar eventualmente já contaminada à entrada da filtragem, e não nas próprios filtros. A necessidade da substituição dos filtros tem origem na progressiva colmatação com partículas materiais, eventualmente provenientes do ar exterior, introduzido pelo sistema de ventilação forçada, ou pela recirculação. A existência de Legionella gerada nos filtros de ar das unidades terminais de ar condicionado, não é só um mito, é uma pouco cuidada inverdade. Desmistificar sim, mas devagar... Ainda que a atual tendência construtiva procure reduzir os níveis de ventilação, com o objetivo de poupança energética, esta não poderá sacrificar os mínimos requeridos na manutenção da qualidade do ar interior saudável, pelo que também a tendência atual é a da utilização de materiais construtivos, mobiliário e de decoração com baixos ou nulas emissões de poluentes, e a de utilização de taxas de renovação do ar interior em função da atividade existente nesses espaços em cada momento. Embora as envolventes dos edifícios passam atualmente ser mais estanques, a adequada ventilação é o fator chave para evitar, não só as sintomatologias referidas pela autora do artigo, como aquelas, de origem mais indefinida, conhecidos como geradoras do Síndrome dos Edifícios Doentes. • Direito de Resposta ao abrigo do Artigo 37.º, n. 4 da Constituição da República Portuguesa, da Associação Portuguesa das Empresas dos Sectores Térmico, Energético, Eletrónico do Ambiente ao conteúdo da rubrica “Consultório Médico”; assinado por Catarina Teles Martins, na qualidade de “Assistente Hospitalar de Pneumologia”; subordinado ao título “Ar Condicionado – Usar sem condicionar...” da Revista ACP, edição de junho 2023, página 60 Consultório Médico
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