Revista ACP setembro

58 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL SETEMBRO 2023 O que não se vê nem se sente As doenças do aparelho circulatório continuam a ser a principal causa de morte em Portugal. São cerca de 28% dos óbitos. A proporção é desigual nos sexos, por cada 100 óbitos por doença cardiovascular nas mulheres, ocorreram 79 óbitos pela mesma causa nos homens. Cerca de 8 em cada 10 óbitos que ocorrem precocemente (antes dos 70 anos) podiam ser evitados. O arsenal terapêutico que a indústria farmacêutica disponibiliza para tratar a doença e prevenir o risco de novos eventos, é enorme. Existe uma gama imensa de exames complementares de diagnóstico que permitem ao médico fazer uma avaliação da situação clínica do doente, calcular o risco de ter um evento cardiovascular, fatal ou não fatal, nos próximos anos. Estão criadas, com a “linha verde coronária”, as condições para que o doente com um evento cardíaco seja prontamente recebido, intervencionado e tratado à chegada ao hospital para que a sequela, chamada insuficiência cardíaca, seja minimizada. Estão perfeitamente identificados hábitos e comportamentos que aumentam o risco de ter uma doença cardiovascular. A sociedade tem-se vindo a adaptar e a incentivar a mudança de hábitos e de comportamentos nocivos para a saúde, desde a criação de espaços sem fumo, circuitos pedonais, alimentos com menor teor de sal, de gordura, menos calóricos, no fundo mais saudáveis. Muito se tem feito para que qualquer um de nós possa ter um padrão de vida mais salutar. Então porquê esta discrepância? Para grandes males grandes remédios, é certo, mas já temos os grandes remédios, o que é que está a faltar para que o mal não seja assim tão grande? Falta tornar visível o que não se vê nem se sente. O mau colesterol, LDL, só se vê que está elevado, quando fazemos análises, e o facto de estarmos medicados para o colesterol não significa que esteja garantidamente normal. O Estudo LATINO (realizado em Portugal), mostrou que mais de 90% dos doentes com risco cardiovascular elevado e muito elevado não conseguiram baixar o seu colesterol LDL para valores recomendados. Cerca de 20% dos doentes com muito alto risco não estavam a fazer qualquer medicação para o colesterol. Quando o médico prescreve um medicamento é para se obter um efeito terapêutico que consiga diminuir a probabilidade de o doente ter um evento que à partida o médico sabe existir. Quando o doente toma o medicamento que o médico lhe prescreveu não deve tomá-lo só para “fazer a vontade” ao médico. Deve fazêlo com a perfeita convicção de que tomá-lo é salvaguardar uma esperança de vida com qualidade, é garantir um bem-estar não só individual, mas também familiar e social. Tomar o medicamento não basta, há hábitos e comportamentos que muito ajudam a atingir os objetivos terapêuticos se forem modificados. Está nas mãos de cada um tornar visível o que não se vê nem se sente. • Junte-se à Fundação Portuguesa de Cardiologia e envolva-se nesta causa. Consulte o site da Fundação para saber como apoiar: www.fpcardiologia.pt Fundação Portuguesa de Cardiologia

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