16 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL SETEMBRO 2023 Têm também um tempo de vida útil superior e toleram carregamentos mais frequentes e rápidos. Porém, são mais pesadas. Mas há duas candidatas à substituição das atuais NMC e LFP: são as baterias de iões de sódio e as de estado sólido. Tal como as LFP, também as de iões de sódio destacam-se pelo menor custo (10 a 20% inferior), com maior resistência ao frio e velocidade de carregamento. Contudo, o tempo de vida útil é inferior. Já as baterias de estado sólido, com as quais por exemplo a Toyota já está a prometer autonomias impressionantes, estão a ser alvo de investimentos milionários por muitos construtores e são vistas como o futuro dos automóveis elétricos. Há boas razões para tal: além das enormes autonomias, carregam mais rápido e têm um tempo de vida útil maior. O custo mais elevado é o “calcanhar de Aquiles”, mas há marcas a prometê-las para 2027. Incerteza domina A beneficiar de leis que vão impor a sua presença num mercado de 500 milhões de consumidores, como é o caso da Europa em 2035, mas também a serem absorvidos pela enorme escassez de automóveis novos, os carros elétricos estão ainda a ser alavancados por subsídios concedidos na maior parte dos seus principais mercados (China, Europa e Estados Unidos), criando um efeito exponencial nas vendas, não permitindo perceber o seu real impacto junto dos consumidores. Com preços mais elevados do que os seus similares a combustão, os elétricos ainda sofrem de “má fama”por causa das baixas autonomias, algo que os fabricantes prometem resolver, mas só daqui a cinco ou seis anos, nas previsões mais otimistas. Mas acima de tudo as previsões económicas mais próximas trazem incertezas sobre a transição europeia para a mobilidade elétrica, o que mexe com uma indústria que, só na Europa, emprega mais de 13 milhões pessoas, produz mais 85 milhões de veículos – com valores de exportação que valem mais 170 biliões de euros –, e garante mais de 440 mil milhões de euros em receitas fiscais. A anunciada recessão, acompanhada pelo aumento da inflação e dos preços dos combustíveis, que nos próximos meses vão bater recordes, colocam muitas economias sob pressão. Basta ver o exemplo do Reino Unido, que adiou o fim da venda de veículos a combustão por mais cinco anos (ver caixa). Olhando para o caso específico da União Europeia, recorde-se a pressão da Alemanha para incluir também os combustíveis sustentáveis como solução para as emissões neutras, sob pena de boicotar o fim da venda de carros a combustão. E ainda há o hidrogénio como possível solução. • Elétricos: mito ou realidade? Reino Unido adia fim da combustão O governo britânico vai adiar a proibição da venda de automóveis novos com motores a gasolina e a gasóleo de 2030 para 2035, confirmou o primeiro-ministro Rishi Sunak: “Estou confiante de que podemos adotar uma abordagem mais pragmática, proporcionada e realista para atingir a as zero emissões ". • UE investiga carros chineses A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a abertura de uma investigação contra subvenções para automóveis elétricos provenientes da China. “Olhem para o setor dos veículos elétricos. É uma indústria crucial para uma economia ecológica, com um grande potencial para a Europa. Mas os mercados globais estão hoje inundados por carros elétricos chineses que são mais baratos. E os seus preços mantêmse artificialmente baixos através de subvenções estatais gigantescas”, afirmou. Segundo von der Leyen, “a Comissão vai abrir uma investigação contra as subvenções para automóveis elétricos provenientes da China”, uma vez que os subsídios estão a “distorcer” o mercado europeu. •
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