AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL JUNHO 2023 | 49 Estrada em estado de degradação CARLOS SANTOS SÓCIO 53445 Há anos, a estrada que é parte do troço da EN 17 se encontra em estado de degradação, o que reflete o abandono a que o interior tem sido votado. Estará a aguardar uma reclassificação que nunca mais surge? Refiro-me ao troço entre Seia e Pinhanços, que já devia ter sido substituído pelo IC7. Pelo menos façam obras de conservação do que está feito, se não há disponibilidade financeira e não só, para avançar com o dito IC. Com os impostos que os automobilistas pagam, deveríamos ter uma das melhores redes de estradas da Europa, mas estas receitas são desviadas para outras ações governativas, porventura mais" lucrativas," não é verdade? Fica a chamada de atenção aos responsáveis, neste caso a Direção de Estradas da Guarda e de Coimbra. Velocidade não é a principal causa de acidentes JOSÉ MANUEL VELUDO SÓCIO 4487 Até 1973, o excesso de velocidade era aquele que não permitia parar a viatura no espaço visível à sua frente. Esta definição foi alterada após o brutal aumento dos combustíveis verificado naquele ano, com a limitação da velocidade a basear-se na necessidade de poupar combustível. Uma vez terminada esta emergência, seria normal regressar à situação anterior mas tal não sucedeu, pois as multas aplicadas nesse período, passaram a ser apetecíveis. A esmagadora maioria dos carros em 1973 não tinha a tecnologia de hoje. No entanto, o que é realmente fundamental não é a velocidade mas sim a preparação dos condutores, que não se faz na esmagadora maioria das escolas de condução. Assistimos na televisão a um acidente numa estrada com dois sentidos, em que dois carros chocam de frente, mesmo numa reta. A GNR diz que vai investigar, mas em geral admite um excesso de velocidade, que provocou o despiste de uma das duas viaturas. Aqui, começa a mesma imbecilidade que denuncio para outros setores da nossa vida, mas que ao ser tão divulgada leva a maioria dos condutores a tomá-la como verdadeira. Vamos para a matemática, a maioria dos leitores que vai ler esta carta, nunca pensou nem ninguém lhe disse que um carro a viajar a 50 km/h, velocidade mínima nas autoestradas, percorre num segundo 13,89 metros, a 60, 16,67 m, a 90 (velocidade permitida nas estradas, salvo sinalização em contrário) percorre 25 m, a 120, 33,33 m e a 150 km/h, percorre 41,67 metros. Mas, por distração, uma pequeníssima rotação do volante para a esquerda ou para a direita, basta para que o carro percorra apenas 5 m, para que fique de frente com o outro que vinha em sentido contrário, ou que embata uma árvore, num raile, ou em qualquer outra situação que o imobilize. A causa da desatenção, tem muitos motivos como por exemplo, virar a cara para sacudir o cigarro ou discutir futebol com o parceiro do lado, mas a única causa de que se fala é falar ao telemóvel durante a condução. Mas, quais são afinal os tempos para percorrer os 5 metros, são sempre décimos de segundo (dos quais não temos perceção) a 50-3,6/10, a 60-3/10, a 90-2/10, a 120-1,5/10 e a 150-1,2/10, temos assim que a diferença para o despiste entre ir a 50 ou a 150 é ENVIE AS SUAS CARTAS PARA A REVISTA [email protected] apenas de (3,6-1,2) = 2,4 décimos de segundo, se cumprir a velocidade máxima nas autoestradas 120 essa diferença é de (3,6-1,5) = 2,1 décimos de segundo, nas estradas nacionais a diferença entre os 50 e os 90 é de (3,6-2) = 1,2 décimos de segundo. Para que fique claro, a velocidade é praticamente irrelevante numa desatenção, quando sabemos que o nosso tempo de reação é de 7/10 de segundo, ou superior. A única diferença digna de referência, são as consequências do acidente mas não podemos aceitar que as opções, sejam entre a morte, a paralisia, ou a perda de um membro. No caso de invasão da outra facha dependerá da velocidade a que o outro circulava. O importante é evitar o acidente, os carros a baterem uns nos outros é um exclusivo dos carrinhos de feiras. Todos sabemos as consequências de um acidente de aviação, por isso a preparação dos pilotos é rigorosa e o mesmo acontecendo com os sistemas de segurança. Urge ensinar aos automobilistas, a verdade dos números, que referi, e dizer-lhes que se não têm concentração absoluta na condução, viagem nos transportes públicos, ou esperem pelos carros autónomos. Não resolveremos o drama dos acidentes, enquanto atribuirmos à velocidade o motivo da sinistralidade. Quem não vai gostar é o Governo, que perderá vários milhões de euros pelas multas não aplicadas, quando agora, mesmo com a perda de rendimentos e empregos, não hesitou em duplicar essas multas.
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