Revista ACP junho

22 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL JUNHO 2023 Depois de ter começado a sua carreira nos Fórmulas e até ter chegado à Fórmula 1 tornou-se presença assídua em Le Mans. Como é que se deu essa transição? Foi uma transição natural. Depois de ter saído dos Fórmulas envolvi-me nas provas de resistência e sendo Le Mans o pináculo da categoria a chegada até lá acabou por ser algo natural. O que é mais difícil: participar nas 24 Horas de Le Mans aos comandos de um carro como o Peugeot 908 capaz de disputar a vitória à geral ou correr num carro da categoria GTAm? São formas diferentes de disputar uma corrida. No caso do 908 tinha o carro mais rápido e era “obrigado” a ultrapassar a maioria dos carros em pista, com todos os desafios que isso acarreta. Já no caso dos GT’s não só temos de fazer ultrapassagens como temos de estar preparados para ser ultrapassados. Qual das categorias é mais desafiante? Ambas apresentam desafios específicos. Contudo, o maior desafio com os treinadores de futebol. Quando um piloto português prova que é capaz de alcançar bons resultados é natural que as equipas passem a estar mais atentas aos pilotos nacionais. Qual o maior desafio de disputar uma prova como as 24 Horas de Le Mans? O maior desafio talvez seja ser rápido e, ao mesmo tempo, preservar o carro para terminar a prova e não prejudicar a corrida dos meus colegas. Esse é um dos maiores desafios das provas de resistência. O piloto tem de dar o máximo em pista, andar nos limites, evitando cometer erros que possam prejudicar a equipa. O objetivo passa sempre por encontrar uma pequena margem que permita andar o mais depressa possível sem cometer erros. • Pedro Lamy, o piloto português com mais participações em Le Mans. Pedro Lamy, o Sr. Le Mans português José da Costa Gomes foi o primeiro, logo na edição inaugural em 2002, seguindo-se-lhe nomes como Carlos Barbosa, Miguel Barbosa, Luís Sousa Ribeiro, Alberto Velez Grilo, Pedro Pitta ou Carlos Barbot. De todos os portugueses que já correram no Le Mans Classic, aquele que conta com melhor palmarés neste evento é Diogo Ferrão que, aos comandos de um Ford GT40, já venceu por duas vezes (2018 e 2022) na respetiva categoria. Para triunfar numa prova como o Le Mans Classic aos comandos de um carro tão icónico, Diogo Ferrão revela que é necessário “um misto de velocidade e consistência”.“O resultado final é a soma das três corridas. de disputar as 24 Horas de Le Mans aos comandos de um protótipo ou de um GT está, precisamente, em adaptar a nossa pilotagem ao carro. Gostei de correr em Le Mans em ambas as categorias. Depois da sua estreia em Le Mans os portugueses foram-se tornando presença assídua na prova. Acha que ajudou a “abrir as portas” aos pilotos nacionais? Talvez. Apesar de não ter sido o primeiro português a correr em Le Mans talvez tenha sido dos que correram com mais equipas e em diferentes categorias. Posso ter contribuído, mas penso que a chegada dos pilotos portugueses a Le Mans foi uma evolução natural, um pouco à semelhança do que tem acontecido É preciso ser rápido, mas não podemos ter a mínima falha para não deitar tudo a perder”, conta. Além da mestria em pista a que o Ford GT40 obriga, este clássico de competição, um dos mais importantes da história, coloca também uma grande responsabilidade aos ombros de quem o conduz. ENTREVISTA Le Mans

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