Revista ACP Março

AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL MARÇO 2023 | 69 Humidades, fungos e bolores: inimigos em nossa casa Uns sentem-na mais, outros menos. Uns sentem-na na respiração, outros nas articulações. Afinal, o que é a humidade, o que nos faz e como devemos viver com ela? Numa definição utilitária e simples, a humidade é a concentração de vapor de água na atmosfera. Quando prejudicialmente elevada (acima de 60%) podemos encontrar manifestações desse excesso – normalmente provocado pela chuva, variações atmosféricas, falta de ventilação – em qualquer local, desde a nossa habitação ao nosso automóvel. As formas mais vulgares de percecionar o excesso de humidade são o vulgar cheiro a mofo e a presença de bolores (tetos manchados, por exemplo) significando tal um nível perigoso de humidade. Para uma vigilância mais precisa, o ideal é adquirirmos um higrómetro (cada vez mais acessíveis) para as divisões onde passamos mais tempo e irmos controlando os valores para os ideais para a saúde, ou seja, entre 30% e 55%. O excesso de humidade, especialmente no interior dos edifícios provoca, também, a libertação de compostos voláteis – como tintas, metais e outros materiais de construção – que se “diluem” com o vapor de água, acabando por ser inspirados. Ao expormo-nos a um elevado grau de humidade, podem surgir ou intensificarem-se queixas respiratórias como a pieira, a falta de ar, a rinite e a sinusite, a bronquite e asma e, por vezes, mesmo a pneumonia. Por outro lado, também em termos reumatológicos, a humidade altera as características do revestimento das articulações, podendo causar ou agravar a dor nas mesmas. E não, não é falso que locais muito húmidos aumentem o risco de dores de cabeça e sensação de mal-estar geral. Tal acontece, não só porque humidade em excesso altera certos processos químicos cerebrais que desencadeiam a dor, mas também porque com o aumento de pressão nos seios perinasais, aumenta a sensação de pressão facial. E claro, muitas vezes associado a todas estes sintomas, surge a terrível sensação de calor “abafado”, que nos faz suar em bica – o excesso de vapor de água na atmosfera causa essa impressão e pode, na verdade, ser responsável por “golpes de calor” por vezes graves. Para convivermos melhor com este fenómeno, deixo as seguintes sugestões: • Arejar a casa regularmente – especialmente quando faz sol – bastando 15 ou 20 minutos com várias janelas ou portas abertas provocando a circulação do ar. • Colocar desumidificadores em divisões localizadas nas zonas da casa sem exposição solar. • Vigiar a existência de infiltrações de água, má drenagem, etc. que possa contribuir para o aparecimento de excesso de humidade. No tempo mais frio e húmido, o parco isolamento das construções mais antigas também favorece o aparecimento de humidade excessiva, especialmente nas localidades mais próximas da costa e situadas a maior altitude, e há que estarmos atentos e preparados. A humidade nem sempre é má, mas, como em tudo, quandoem excesso pode ser bastante prejudicial. Até ao próximo número, com boa saúde! • CATARINA TELES MARTINS Assistente Hospitalar Graduada de Pneumologia Consultório Médico ENVIE AS SUAS DÚVIDAS PARA A REVISTA [email protected]

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