Revista Clássicos - novembro

ACP Clássicos | Suplemento Revista ACP | Nº 792 | Novembro 2022 | Não pode ser vendido separadamente 1ª Corrida em Portugal Foi há 120 anos e deu origem ao ACP Rally de Portugal Histórico Contou com forte presença internacional 50 anos do Renault 5 O citadino que marcou os anos 70

AGENDA 2023 21 JAN Passeio dos Ingleses Fleuma britânica abre o calendário dos clássicos 18 MAR Clássicos TT A aventura passa-se em Grândola 21 + 22 ABR 500MilhasACP Prova regressa à EN2 13 MAI Rally ACP Clássicos Clássicos aceleram a norte 17 JUN Passeio dos Franceses Primeira edição para marcas oh-là-là 16 SET Rally ACP Clássicos Máquinas reúnem-se em Mafra 23 SET Passeio dos Italianos Molto stile neste novo evento 17 + 18 NOV Rally D. Carlos I Última prova do ano 25 MAR Passeio dos Alemães A pujança da indústria automóvel O Rally D. Carlos I e a atribuição da Taça ACP Clássicos fecham o nosso ano da melhor forma. Ultrapassamos os sete mil sócios, um número recorde e que faz do ACP Clássicos o maior clube nacional. Mas esse número traz também uma grande responsabilidade e vários desafios. A proximidade com os nossos sócios está na nossa marca, bem como a satisfação das suas necessidades, sejam elas de ordem mecânica, burocrática ou de lazer. Ultrapassamos os sete mil sócios, um número recorde que faz do ACP Clássicos o maior clube nacional No próximo ano, a grande aposta vai para os “passeios de bandeira”, eventos que vão reunir modelos e marcas de nacionalidade única: ingleses, alemães, franceses e italianos. Depois do sucesso confirmado do Passeio dos Ingleses, organizamos desde 2018 o evento destinado aos alemães e agora abrimos aos franceses e aos italianos, todos com centenas de belíssimos exemplares à espera de se reunirem nas mais belas paisagens de Portugal. E tal como os «irmãos mais velhos», os novos passeios vão ter lugar a norte e a sul em simultâneo. Ainda nos passeios, depois do êxito da primeira edição, apostamos novamente nos clássicos TT, desta vez nos trilhos de Grândola. No nosso calendário para 2023, as provas desportivas de regularidade assumem também um papel de destaque. Desde logo as 500 Milhas ACP, que no próximo ano vão percorrer toda a Nacional 2, de Faro até Chaves. O Rally ACP Clássicos regressa também a norte e a sul com duas edições e o Rally D. Carlos I volta a fechar a época. Motivos de sobra, esperamos, para que continue a participar na vida do clube e na preservação do património dos clássicos em Portugal. Os passeios de marcas de nacionalidade única são a grande aposta em 2023: ingleses, alemães, franceses e italianos LUÍS CUNHA SECRETÁRIO-GERAL ACP CLÁSSICOS EDITORIAL Eventos bandeira acp.pt/classicos /acpclassicos /acpclassicos [email protected] AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022 | 3

Lembre-se que além dos quilómetros comprometerem a vida útil dos pneus, a pressão causada pelo tempo em que está guardado na garagem sem sair à rua e o passar dos anos também contribuem para o desgaste. Caso a imobilização seja de longa duração, até se torna aconselhável utilizar ferramentas de elevação, conhecidas por “preguiças”, que aliviam a pressão dos pneus e suspensão. Além dos quilómetros, a pressão e o passar dos anos contribuem para o desgaste dos pneus O estado dos pneus é um dos aspetos a merecer especial atenção no seu clássico por ser determinante nos níveis de consumo e conforto. Nos casos de estacionamento sem elevação, deve alterar periodicamente a posição dos pneus em contacto com o solo ou usar almofadas Mudar os pneus: um clássico específicas para evitar o fenómeno de achatamento ou “Flat Spot”. Também a rotação dos pneus é uma medida eficaz. Os dois pneus dianteiros, no caso dos modelos com tração dianteira, são os primeiros a sofrer desgaste. Nessas situações, os fabricantes aconselham a colocar dois pneus novos na traseira e passar os mais usados para a frente, de forma a manter toda a estabilidade. Deve manter a pressão dos pneus nos valores recomendados e se não for possível a elevação do seu clássico pode aumentar ligeiramente o valor para compensar a inevitável perda durante o tempo em que o carro está parado na garagem. Outra regra a manter é dispor sempre de um pneu suplente. Aconselha-se a colocar dois pneus novos na traseira e passar os mais usados para a frente, de forma a manter toda a estabilidade • CERTIFICAÇÕES Para agendar uma certificação, contacte-nos: [email protected] ou 213 180 169 JANEIRO 4, 11, 18, 25 Lisboa 05 Faro 11, 12 Porto 19 Braga 20 Viana Castelo 26 Figueira Foz FEVEREIRO 1, 8, 15, 22 Lisboa 1, 2 Porto 9 Vila Real 10 Viseu 16 Évora 23 Guarda 24 Castelo Branco MARÇO 1, 8, 15, 22, 29 Lisboa 1, 2, 22, 23 Porto 9 Leiria 10 Santarém 16 Aveiro 17 Coimbra 24 Figueira Foz ABRIL 5, 12, 19, 26 Lisboa 6 Porto 12, 13 Faro 20 Beja 21 Portalegre 27 Braga 28 Viana do Castelo MAIO 3, 10, 17, 24, 31 Lisboa 3, 4, 24, 25 Porto 5 Figueira da Foz 11 Vila Real 12 Viseu 18 Guarda 19 Castelo Branco 26 Évora JUNHO 1 Leiria 2 Santarém 7, 14, 21, 28 Lisboa 14, 15 Porto 22 Aveiro 23 Coimbra VALIDADE DO CERTIFICADO Veículos até 1918: 10 anos; 1919 – 1945: 8 anos; 1946 – 1960: 6 anos Após 1961 (inclusive.): 4 anos 4 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022

A chegada ao Campo Grande marcava o final da primeira prova realizada na Península Ibérica O Automóvel Club de Portugal assinalou o 120.º aniversário da primeira prova automobilística realizada na Península Ibérica, o Raid Figueira da Foz-Lisboa, realizado em 1902 e que deu origem à fundação do clube. Uma evocação que teve um espaço dedicado ao tema no Estoril Classics. Não é por acaso que o Automóvel Club de Portugal assume a evocação da primeira corrida de automóveis realizada na Península Ibérica. Afinal, esse evento desportivo esteve na origem da criação do clube (na altura, Real Automóvel Club de Portugal), que tinha como presidente honorário o Rei D. Carlos I. Tudo começou quando um grupo de entusiastas, que nos primórdios via o automóvel como um objeto de quais Carlos Callixto, Anselmo de Sousa, Eduardo Noronha ou Henrique Anacoreta, com a intenção “de estudar os meios de desenvolver o automobilismo em Portugal, dada a importância que este género de desporto tem adquirido ultimamente em todas as nações cultas”. Também se associaram diversas personalidades influentes na sociedade portuguesa encabeçadas pelo Infante D. Afonso de Bragança, ele próprio um apaixonado pelo automobilismo. Dessa reunião saiu a vontade de se fundar um clube, mas antes foi decidido fazer uma corrida de automóveis em estrada. Nomeou-se uma comissão executiva para “realizar uma grande corrida de automóveis no outono de 1902 entre a Figueira da Foz e Lisboa (Campo Grande)”. Primeira corrida de automóveis em Portugal foi há 120 anos desporto e lazer, se reuniu na redação do jornal A Época, a 6 de setembro de 1902. O diretor do jornal, Zeferino Cândido, juntou-se a um grupo de pioneiros do automóvel, entre os 6 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022

PROVA EMBRIÃO DO ACP A 5 de outubro de 1902 foi publicado o regulamento de uma prova que seria de velocidade e em que ganhava quem chegasse primeiro. As inscrições encerraram no dia 20 e a primeira corrida de automóveis da Península Ibérica viria a realizar-se a 27 de outubro, com nove automóveis (dois a vapor e sete a gasolina) e mais cinco motociclos. O Raid Figueira da Foz-Lisboa realizado em 1902 deu origem à fundação do ACP O primeiro vencedor de uma corrida de automóveis na Península Ibérica foi um Fiat do Infante D. Afonso, irmão do Rei D. Carlos, que foi conduzido pelo motorista italiano Bordino. Em segundo lugar ficou um Darraq, conduzido por Afonso de Barros. A corrida teve um enorme êxito, sendo amplamente divulgada pela Comunicação Social da época. O próprio povo aderiu em massa ao percurso da prova para ver os automóveis que já atingiam velocidades nunca vistas e contavam com alguma fiabilidade, pois, até chegarem a Lisboa, percorreram 270 km por estradas poeirentas, de mau piso e não sinalizadas. A corrida foi um êxito mesmo por estradas poeirentas, de mau piso e não sinalizadas O curto espaço de tempo entre a reunião de setembro e a realização do raid, em finais de outubro, não O Fiat do Infante D. Afonso, irmão do Rei D. Carlos, que venceu a prova O Infante D. Afonso de Bragança ao volante de outro carro Duarte Nobre Guedes, do Estoril Classics e Carlos Barbosa, Presidente do ACP, na comemoração dos 120 anos do Raid Figueira da Foz – Lisboa foi problema para aquele grupo de pessoas, focado em atingir o quanto antes o seu grande objetivo: criar um clube automóvel em Portugal. E assim, a comissão encaminhou-se para a concretização do seu sonho, ao propor, no seu último relatório, “que o remanescente da importância das taxas de inscrição seja aplicado às despesas da fundação do ACP”. A 15 de abril de 1903 era fundado o Real Automóvel Club de Portugal, presidido pelo Rei D. Carlos e tendo como Presidente da Mesa da Assembleia Geral o Infante D. Afonso. Os 35 membros dos corpos sociais fizeram parte das comissões que estiveram na origem da fundação do ACP, que se viria a tornar o maior clube português. Foi no Estoril Classics que o ACP celebrou os 120 anos da corrida mais antiga em Portugal que esteve na sua génese. AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022 | 7

Rally de Portugal Histórico O Rally de Portugal Histórico voltou a revelar ser uma das mais importantes provas de regularidade histórica da Europa, pelo nível de competitividade e emoção que demostrou. A vitória coube aos belgas Yves Deflandre e Jennifer Hugo. Uma conquista que deu à dupla do Porsche 911 a sua terceira vitória na prova do ACP, igualando o recorde de triunfos de João Mexia Leitão. Das 73 equipas inscritas só 53 chegaram ao final cumprindo a exigência da prova DUPLA VENCEDORA A vitória coube aos belgas Yves Deflandre e Jennifer Hugo 8 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022

Em segundo lugar ficou a dupla Christophe Berteloot/Gengoux Baptiste, igualmente ao volante de um Porsche. Mas os portugueses também mereceram destaque na prova com Piero dal Maso e Sancho Ramalho a conquistarem o terceiro lugar ao volante de um Porsche 911. Caso para dizer que a marca alemã dominou os primeiros lugares na 16ª edição do Rally de Portugal Histórico, com 73 equipas inscritas das quais apenas 53 chegaram ao final. Piero Dal Maso e Sancho Ramalho em Porsche 911 foram os melhores portugueses (3º lugar) Jean-Guy Monmarthé e Nicolas Guiset em Alfa Romeo Giulia Sprint na noite de Sintra Paisagens de granito foram cenário do Rally de Portugal Histórico Lancia Stratos de Jordi Pons Lluvia e Jessica Nebra Aguilar Troço da prova com rio Douro ao fundo AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022 | 9

Rally ACP Clássicos A edição deste ano reuniu cerca de 80 equipas em que a vencedora foi a dupla Edgar Guerra/Filipa Guerra em Alfa Romeo 1.8 de 1983, que também ganhou na categoria H (automóveis entre 1981 e 1990). O segundo lugar foi para Nuno Serrano e Alexandre Berardo ao volante do Peugeot 205 GTI de 1984 seguidos por António Lopes da Silva e José Carlos Figueiredo em Porsche 912 de 1967, também vencedores na Nuno Serrano e Alexandre Berardo em Peugeot 205 Gti de 1984 António Lopes da Silva e José Carlos Figueiredo em Porsche 912 de 1967 Vencedores da prova, Edgar e Filipa Guerra em Alfa Romeo Giulietta de 1983 10 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022

categoria F (automóveis entre 1961 e 1970). Frederico Valssassina e Vasco Mendes em Jaguar MK2 de 1960 conquistaram o primeiro lugar na categoria E (automóveis entre 1946 e 1960). José Carvalhosa e Nuno Rodrigues em Porsche 911 SC de 1978 venceram na categoria G (automóveis entre 1971 e 1980). Já Marco Cirne e Clementino Marta em Alfa Romeo Spider de 1991 subiram ao primeiro lugar na categoria Futuro Clássico (automóveis entre 1991 e 2000). • A prova reuniu 80 equipas que se fizeram à estrada na conquista pela vitória Momento da partida dos concorrentes José Carvalhosa e Nuno Rodrigues em Porsche 911 SC de 1978 Marco Cirne e Clementino Marta em Alfa Romeo Spider de 1991 12 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022

A marca francesa percebeu esses novos tempos e respondeu com um veículo “divertido e simpático”, com um design que não se parecia nada com o que existia antes. Além da estética inovadora, o pequeno citadino também agradou pelo conforto e versatilidade que proporcionava. Oferecia espaço para quatro adultos ou um casal com crianças e um volume na bagageira que permitia transportar o necessário para o dia a dia ou em viagens de lazer. Com uma paleta de cores muito ao gosto dos anos 70, foi uma lufada de ar fresco que saiu à rua, chamando à atenção pelos seus tons ácidos em laranja, verde, amarelo ou azul claro. APRESENTAÇÃO EM GRANDE Na fase de lançamento, contou com uma gigantesca operação de marketing tornando-se um ícone publicitário e estrela entre os meios de comunicação. Televisão, rádio, revistas, jornais, todos se renderem ao Renault 5. Em França, os concessionários da marca receberam quase 2.000 unidades decoradas 50 Anos do Renault 5 A Renault percebeu os novos tempos e respondeu com um veículo “divertido e simpático” que não se parecia nada com o que existia antes Quando chegou às ruas em 1972, o Renault 5 levou o automóvel para a era moderna. Vivia-se uma época de mudança com os jovens a adotarem um estilo de vida mais descontraído e anti-conformista ao mesmo tempo que o público feminino começava a trabalhar e precisava de se deslocar. 14 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022

com olhos sobre os faróis e balões autocolantes nas portas que diziam: “Sou o Renault 5, conduza-me”. Na rua, desfilou pelas principais cidades deixando-se conduzir por quem quisesse experimentar a coqueluche no segmento dos compactos. Com 3,5 metros de comprimento, portas que pela primeira vez não traziam maçanetas, pois foram substituídas por um botão e um recorte para a mão, o Renault 5 apresentava outras novidades como os seus para-choques em plástico. MAIS PORTAS A PARTIR DE 1979 Tecnicamente, contava com soluções comprovadas em outros modelos da marca como os R4, R16 ou o R6. O Renault R5 L, versão de entrada, equipava o motor de 4 cilindros e 782 cc do R4, com 34 cv de potência e uma velocidade máxima de 120 km/h. Mais tarde apareceram versões mais potentes como o R5 Alpine que atingia velocidades superiores a 170 km/h. No lançamento, contou com uma gigantesca operação de marketing tornando-se um ícone publicitário e estrela entre os meios de comunicação A versão de cinco portas chegou em 1979 Interior espaçoso era um dos seus atributos AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022 | 15

Em 1979, surgiu o R5 na versão de cinco portas e alguns melhoramentos como a qualidade superior do painel de instrumentos. No ano seguinte, atingiu o auge da sua carreira com o lançamento do R5 Turbo. Com uma carroçaria mais musculada, este modelo nasceu para os ralis, triunfando, por exemplo, no Rally de Monte Carlo de 1981. Com a versão final do Maxi Turbo, a formação de estrelas da Renault também venceu o Tour de Corse de 1985. NOVO CAPÍTULO CHEIO DE ENERGIA A história deste modelo que marcou a década de 70 prolonga-se até 1996, ano em que deixou de ser produzido. Mas como o destino quer o R5 de volta, ele vai renascer só que totalmente elétrico. Depois de muitas expectativas à volta dessa possibilidade, está confirmada a sua entrada em produção com lançamento previsto para 2024. O novo R5 EV vai contar com um bloco de 136 cv de potência que transporta o modelo para futuro da mobilidade. • Michel Boué foi o designer que inventou o R5 A chegada da versão elétrica em 2024 abre um novo capítulo na história do Renault 5 16 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022

A marginal de Cascais recebeu uma caravana de máquinas de várias marcas e idades que deram um colorido especial por onde passaram. Integrado no Estoril Classics, o evento reuniu mais de 500 clássicos para todos os gostos que partiram da Marina de Cascais em direção a Carcavelos atraindo as atenções do público que assistiu ao seu percurso. Um passeio que contou com modelos mais convencionais como os Datsun 1200, Mini 1000 ou os Fiat 600 a exemplares mais exclusivos como um Ferrari Dino, os sempre apreciados Jaguar E ou os belos Mercedes SL. No regresso a Cascais, alguns participantes passaram pelo Autódromo para assistirem ao Estoril Classics, um verdadeiro festival de velocidade nas diversas categorias do desporto automóvel. • Mais de 500 clássicos invadiram a marginal de Cascais para um grande desfile Citroën Traction Avant estrada fora A história automóvel esteve bem representada através dos modelos presentes Um raro Piaggio Vespa 400 Um VW ao serviço da PSP garantiu a segurança Desfile de clássicos na marginal 18 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022

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