Revista ACP Novembro

AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022 | 5 lá abater 1,9 milhões de viaturas. Para alcançarmos esse objetivo, teriam que ser vendidos 209 mil elétricos por ano até 2030. As vendas de viaturas ligeiras e pesadas eletrificadas (100% elétricos, híbridos e híbridos plug-in) não chegaram a 30 mil. E continuamos sem política de incentivo ao abate de viaturas em final de vida, a forma mais rápida e eficaz para renovar o parque automóvel, como Espanha, França ou Alemanha que têm investido milhões do PPR na transição energética. 2. O ano que agora termina foi verdadeiramente o regresso à normalidade em termos sanitários, mas foi também o regresso a tempos longínquos que julgávamos terem ficado nos livros de História. Uma guerra na Europa, cujo fim não se prevê para breve, com toda a tragédia humanitária associada e impactos até há pouco inimagináveis na economia. Com este cenário, a vida dos portugueses e das empresas estagnou novamente, mas a sua vida e necessidades não. E é nessa situação que o Automóvel Club de Portugal está presente – onde as pessoas mais precisam. Foi assim que lançamos uma missão humanitária sem precedentes no clube para transportar cidadãos ucranianos em emergência para Portugal. A resposta dos sócios foi massiva, emocionante e um exemplo de que juntos fazemos a diferença. 3. Desde que fizemos regressar em 2007 o Rally de Portugal ao Campeonato do Mundo, a prova é a que mais contribuí todos os anos para a economia das regiões onde se realiza. O Estudo do Impacto do WRC Vodafone Rally de Portugal 2022 na Economia revela mais um número impressionante: 153,7 milhões de euros de impacto, através de despesa direta e indireta. Com a prova do ACP no norte e centro do País, a receita fiscal do Estado sobre o consumo direto (IVA e ISP) foi de 18 milhões de euros. Números expressivos e que falam por si, mas que o Governo continua a ignorar no apoio às regiões e no combate à interioridade. O Governo quer descarbonizar mais rápido que a UE, mas continua sem políticas para renovar a frota nacional, uma das mais envelhecidas 1. A sustentabilidade ambiental é uma emergência mundial e todos temos a obrigação de contribuir com racionalidade, pragmatismo e bom senso. A COP27 é mais um exemplo de uma mão cheia de boas intenções que esbarra contra o muro da realidade. Se é verdade que os países mais desenvolvidos têm vindo a acelerar a descarbonização,muitos outros andam a passo de caracol e,mais preocupante, corremos o risco de o terceiro mundo ficar cada vez mais isolado na pobreza e atolado em emissões com efeito de estufa. A consequência dispensa comentários óbvios. E temos o singular caso português em que o Governo quer ser mais rápido a descarbonizar até 2045 (a meta europeia é 2050). A média do parque automóvel está nos 13,5 anos e temos cerca de 1,3 milhões com mais de 20 anos. Um estudo da ACAP revela que para cumprir a meta de reduzir 90% dos gases com efeitos de estufa no setor dos transportes precisamos de 1,8 milhões de veículos elétricos até 2030 e de até CARLOS BARBOSA PRESIDENTE DO AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL Temos por isso motivos para enfrentarmos o próximo ano com confiança, mas com otimismo moderado face às previsões económicas. O apoio aos nossos sócios e às suas necessidades é a razão de ser do clube e do nosso trabalho. Em tempo de festividades, desejo a todos as melhores passagens, muita segurança na estrada e um excelente 2023. • O impacto económico de 153,7 milhões do Vodafone Rally de Portugal continua a ser ignorado

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