Revista ACP Novembro

12 | AUTOMÓVEL CLUB DE PORTUGAL NOVEMBRO 2022 Atualidade ainda mais os mercados globais de produtos refinados. A provável falta de gasóleo na Europa vai surgir em 2023 quando a UE aplicar a proibição de importação de produtos petrolíferos refinados russos por via marítima. A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, atrás dos Estados Unidos e da Arábia Saudita. Dos cerca de cinco milhões de barris de petróleo bruto que a Rússia exporta diariamente, mais de metade é para a Europa. Olhando para a compra de gasóleo aos russos, de que também são dos maiores exportadores, a União Europeia tem consumido até agora 600 mil barris por dia. E desde março que o gasóleo tem vindo a registar um preço mais elevado do que o da gasolina em Portugal, algo que nunca tinha acontecido. Mais grave é a situação nos Estados Unidos. A escassez de gasóleo tem vindo a aumentar desde o início da pandemia, e os inventários de combustível têm descido muito abaixo dos níveis de emergência. A Energy Information Administration afirmou em meados de outubro que os EUA tinham reservas de gasóleo para poucas semanas. Há sete estados em risco de rutura total. O risco ambiental Com toda esta pressão será expectável que muitos países acabem por sacrificar algumas das metas ambientais em prol do conforto térmico das populações e da produção industrial. Face à perspetiva de “blackouts” e de racionamentos de energia generalizados, vários países fizeram da segurança dos abastecimentos a sua principal prioridade, mesmo que esta venha com um preço económico e ambiental elevado. Como o gás russo barato desapareceu, alguns estados-membro da UE foram forçados a recorrer ao carvão para produzir eletricidade, o combustível fóssil mais poluente. Alemanha, Itália, Holanda, Grécia, Espanha e Hungria vão prolongar a vida útil das centrais de carvão e reabrir as que foram encerradas. A Agência Internacional de Energia estima que o consumo de carvão da UE aumentou 10% nos primeiros seis meses de 2022. O gasoduto da polémica O acordo entre Portugal, Espanha e França para as interligações energéticas criou grande debate. A ideia é finalmente avançar com o gasoduto que ligue Portugal a França. O projeto prevê a sua construção no mar Mediterrâneo, entre Barcelona e Marselha, e servirá para transportar principalmente hidrogénio verde, embora numa primeira fase vá permitir a passagem de gás natural, uma ideia muito contestada. BarMar é como se chama a solução agora aprovada, sendo abandonado o projeto inicial MidCat, em que a ligação seria via Pirenéus. • 2,5 M Barris de petróleo russo por dia para a Europa 10% Aumento do consumo de carvão Governo afirma que transição energética é para manter e acelerar O primeiro-ministro António Costa diz que Portugal está a reunir condições para antecipar de 2050 para 2045 a meta da neutralidade carbónica, garantindo que não vai reativar centrais a carvão e que mantém a aposta no hidrogénio. Afirmações durante a COP27, conferência climática das Nações Unidas que decorreu no Egipto. O mesmo otimismo é partilhado pelo ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro: “No atual contexto de guerra e crise de energia, países recuaram em políticas por questões de segurança energética. O nosso País manteve e entende que tem condições para acelerar as suas políticas energéticas”, procurando “acelerar a produção de energia renovável".

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