21 ACP CLÁSS I COS desocupada, pediu-me que fosse ver a Giulia. Fui e trouxe-a no mesmo dia. Estava bem original. Apenas alguns problemas de chapa. Restaurei-a mesmo sem ter ainda a certeza de que todos os herdeiros aceitariam vender-ma. Não podia vê-la assim e avancei. Felizmente todos os herdeiros anuíram em que eu ficasse com ela. Acho que se deram conta de que jamais deviam contrariar um maluco que, com toda a lucidez, lhes asseverava que a Giulia é a mais impactante macchina de toda a história da Alfa Romeo. A sério! Começou a ser pensada no final dos anos cinquenta. Pretendia-se uma berlina desportiva e familiar. Segura. Versátil. Teria que ser muitíssimo bem estudada e planeada para que pudesse ser produzida com qualidade, rigor e em grandes números. Assim foi. O sucesso foi retumbante. Viríamos a ver Giulias atrizes de cinema, Giulias Carabinieri, Giulias de corrida, de rally… Sempre foram equipadas com motores de 1300 ou 1600 cm3 e mantiveram a sua forma praticamente inalterada desde 1962 até 1977 e eterna desde então. A isso não foi alheia a eficiência da sua aerodinâmica praticamente sem rival. À altura e mesmo nos dias de hoje (0,34), o que só não me deixa de boca aberta porque conheço bem todo o trabalho de antecipação que remontou aos famosos Alfa 1900 BAT de Nucio Bertone. Foi realmente Disegnata dal Vento. De entre as várias versões produzidas (… e aqui seria a parte em que, se eu fosse um “chato”, vos falaria dos onze modelos ou versões e de todos os detalhes… mas não há espaço senão para falar da Giulia TI Super, o que até não calha mal porque houve uma versão diesel que me embaraça bastante e queria mesmo evitar falar dela) é justo que destaque a Giulia TI Super, que com os seus 110 cavalos e atingindo os 185 km/h oi especificamente concebida para competição. Após os incríveis sucessos da mítica Alfetta na F1, nas Mille Miglia, na Carrera Panamericana e em tantas outra provas a marca abandonou as competições nos anos 50. Porém, quando surgiu a ideia de se levar por diante nos anos 60 o campeonato europeu de carros de turismo a Alfa Romeo entendeu participar com a sua coqueluche Giulia. Orazio Satta Puliga e Giuseppe Busso, nomes para sempre ligados à história do automobilismo foram os responsáveis pelo projeto. A Giulia TI Super acabaria por ser a primeira Alfa, após 1954 a ostentar, e com toda a justiça, o mítico trevo de quatro folhas que vinha decorando os alfas de competição desde que, em 1923, o piloto Ugo Sivocci, na prova de Targa Florio, entendeu colocar um trevo no carro para que tivesse sorte, o que veio efetivamente a acontecer. Sivocci venceu a corrida. Não nasceu, pois, por acaso, um outro “slogan” publicitário da Giulia: La machina di famiglia che vince le corse!
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