Revista Classicos - Abril

20 ACP CLÁSS I COS 6 0 A N O S D O G I U L I A Sou suspeito, eu sei. Persisto em massacrar os meus amigos com este meu caso sério; não me canso de falar sobre a incrível forma e design da Giulia, sobre seus interiores nobres e despojados, sobre o seu volante e manómetros tão elegantes. Mas pior, pior, é que constato que não contei nada ainda sobre a sua história. Da Giulia em geral – a Tipo 105 - e da minha em particular. Tenham paciência! É uma Giulia Super 1.3 tipo 115.09, versão Unificata, de 1972. Foi adquirida nova pelos primeiros donos para ser a sua “macchina di familia” e viveu DISEGNATA DAL VENTO CHE VINCE LE CORSE Se pensarmos no que queremos realmente de um carro é que nos ponha um sorriso na cara. Ora, a Giulia, que conta agora os seus primeiros 60 anos, continua a fazê-lo com a graça de sempre em Moçambique os seus primeiros anos. Isso explica o volante à direita e provavelmente a sua natureza quente. Foram os anos da Guerra. Viajou bastante por aquelas Terras Sonâmbulas que se moviam espaços e tempos afora. A Giulia viveu os seus primeiros anos em Moçambique Conheceu o jovem Mia Couto e os seus livros mesmo antes de este os ter escrito. Com a independência veio para a metrópole. Dividida. Despercebida como Imani nas Mulheres de Cinzas. Gostava do calor, da música e de ouvir Estórias Abensonhadas. Nos anos oitenta foi esquecida na garagem de uma casa dos seus donos de sempre e por ali ficou muitos anos. Os donos acabariam por morrer. Uma amiga minha, que vinha tratando das partilhas da família, querendo vender a tal casa POR NUNO PENA

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