Revista Classicos - Abril

PASSEIO DOS INGLESES Dose dupla de revivalismo em Lisboa e Porto Ricardo Brízido conta como nasceu esta paixão O melhor da indústria germânica desfilou no Norte e no Sul Tributo ao modelo que fez história na marca italiana DA MEDICINA PARA O RESTAURO PASSEIO DOS ALEMÃES 60 ANOS DO ALFA ROMEO GIULIA

ACP CLÁSSICOS • SUPLEMENTO REVISTA ACP • ABRIL 2022 • NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE acp.pt/classicos /acpclassicos /acpclassicos [email protected] A C P C L Á S S I C O S Paixão pelos clássicos A prova de que a paixão pelos clássicos está bem viva e recomenda-se, ficou bem patente pelo êxito da edição deste ano do Passeio dos Ingleses, que em Lisboa e no Porto juntou mais de 250 belos exemplares. Desde a sua primeira edição realizada em 2004 que este evento, organizado pelo ACP Clássicos, soma adeptos e admiradores das mais belas máquinas construídas em terras de Sua Majestade. E que participa pela primeira vez repete a experiência e desafia novos entusiastas, aumentando, anos após ano, esta comunidade de apreciadores de clássicos ingleses. Além da oportunidade de os automóveis saírem à rua, os encontros proporcionam agradáveis momentos de convívio entre todos, este ano com um sabor mais especial pela retoma da sensação de “normalidade” pós-pandemia, com um pretexto muito válido: a paixão pelos automóveis ingleses. Deste modo, confirma-se, uma vez mais, que a aposta feita há 18 anos na realização de um passeio não-monomarca, foi e continua a ser uma receita de sucesso. Também com sucesso em dose dupla decorreu o Passeio dos Alemães que como o nome indica, dedica-se a automóveis com “alma” germânica. No Norte e no Sul, desfilaram mais de centena e meia de modelos da Porsche, MercedesBenz e BMW, a que se juntaram outras seis marcas. Todas presentaram gerações inteiras de alguns dos mais icónicos modelos concebidos pela indústria alemã dos pós-guerra. Ficou, assim, provado que os moldes destes dois passeios funcionaram em pleno tanto na sua versão “desportiva” como na versão recreativa. Para o ano há mais. LU Í S CUNHA Sec r e t á r i o - Ge r a l ACP C l ás s i cos 60 anos depois ainda conquista corações Fleuma britânica desfilou no Norte e no Sul p.20 p.08 Alfa Romeo Giulia Passeio dos Ingleses p.14 p.04 Passeio dos Alemães Entrevista Clássicos germânicos partiram de Lisboa e da Maia A paixão de um médico pelo restauro PRÓXIMOS EVENTOS Até final do ano são vários os eventos que o ACP Clássicos vai realizar de Norte a Sul do País. Desportivas, lúdicas ou revivalistas, há provas para todos os gostos e tipos de clássicos que marcam o calendário em 2022. Para final de abril estão agendadas as 500 Milhas ACP que começam a 29 e 30. Em junho é a vez do Rallye ACP Clássicos Norte sair para a estrada a 18, com o Rally ACP Clássicos Sul marcado para 17 de setembro. O ano fecha com a realização do Rali D. Carlos I nos dias 19 e 20 de novembro.

4 ACP CLÁSS I COS Omédico que opera clássicos Como surgiu o gosto pelos automóveis? Devo-o ao meu pai, Adelino Brízido, que competia em provas automobilísticas em África, quer em circuitos quer em ralis. Desde criança que o acompanhava para o ver correr. A história do desporto motorizado em Moçambique ficou exaustiva e fotograficamente registada no livro que escrevi com o meu colega e amigo João Mendes de Almeida e cuja apresentação se fez em 2011 na sede do ACP. E foi nesse ambiente de corridas que nasceu a vontade de ser mecânico… É verdade. Sempre com grande gosto e curiosidade pela mecânica e pela condução automóvel. Aos treze anos já conduzia, furtivamente, um VW do meu pai preparado para ralis. E N T R E V I S T A Acompanhei a sua carreira de piloto até ele ter um gravíssimo acidente com um R8 Gordini nas 500 Milhas de Salisbury que o deixou incapacitado como piloto. Passou então a organizar o Rali Internacional da Beira e eu colaborava em controles que eram necessários fazer nessa prova, tomando contacto com excelentes pilotos, alguns também mecânicos. Tornou-se médico para fazer a vontade ao seu Pai, mas sempre com a mecânica na cabeça… Quando aluno liceal sonhava, também, com uma carreira na competição automóvel mas já consciente da sua importância, considerava que primeiro teria de ter a profissão de mecânico. O gosto pelo restauro levou Ricardo Brízido a dividir o tempo entre a cirurgia e a recuperação dos seus três Austin-Healey, uma aventura que demorou muitos anos a cumprir Foi na garagem de casa que Ricardo Brízido se lançou na aventura de restaurar o último Austin-Healey de 1966

5 ACP CLÁSS I COS “Devo ao meu pai o gosto pelos automóveis” Mas percebi a grande vontade que o meu pai tinha que eu fosse médico e fiz-lhe com muito gosto essa vontade. Quanto ao sonho das provas desportivas, esse ficou condenado com dois acidentes numa semana aos 18 anos, um com um Datsun SSS e outro com um R8. Com esse argumento o meu pai que era então a autoridade desportiva competente para o efeito, nunca me fez a vontade de me conceder a licença desportiva. Como oftalmologista diz que essa especialidade até tem muito de mecânica. São dois mundos que se conciliam? De certo modo. A Oftalmologia é uma especialidade muito instrumental e técnica onde a prática da micro-cirurgia é a regra na reparação cirúrgica de muitas situações patológicas. Obviamente mais exigente do que a mecânica no que respeita ao sucesso no momento da intervenção. Se partir um parafuso na mecânica posso, a seguir, substitui-lo. O sucesso de uma reparação difícil que me atrevi a fazer numa avaria no overdrive do meu A-H100, só foi mesmo possível pela sensibilidade adquirida na prática da micro-cirurgia. O talvez excessivo perfecionismo com que procuro atuar nos restauros e na mecânica em particular, deve-se em parte à minha prática oftalmológica. Também por influência do seu Pai é um apaixonado pela marca Austin Healey. Hoje tem três modelos e foi depois de adquirir o primeiro que se estreou no restauro… Sim, posso dizer que quando era um menino de escola primária tive a primeira paixão da minha vida. Foi o Austin-Healey 100-6 BN4, vermelho e preto, do meu pai que com que ele, tantas vezes correu. Depois tive a felicidade de primeiro ter conhecido e depois de ser amigo de John Wheatley, uma autoridade na marca, com livros escritos sobre estes carros e consultor habitual em muitos O Mundial FIVA de 2001 foi a última prova desportiva em que participou com o seu pai (na foto) Austin-Healey 3000 BT7 de 1959 num processo de restauro que demorou quatro anos a concluir

6 ACP CLÁSS I COS “Sonhei ser mecânico para depois seguir a competição automóvel” O primeiro restauro ficou concluído ao fim de quatro anos dos livros dedicados aos mesmos. Foi ele que em 1996 me ajudou a selecionar em Inglaterra, primeiro o A-H 3000 BT7 de 1959 e depois, em 2007, o A-H 100 BN1 de 1954. capaz. Para alguém que em menino queria ser mecânico e que não tinha à disposição “top money”, foi óbvia e entusiasmante a opção feita. Como se preparou para esse desafio? Em 1996 com o 3000 e com a ajuda de José Pimpão, o excelente mecânico que preparou alguns carros com que o meu pai correu. Ele acedeu a tutelar o restauro de toda a mecânica do 3000 na sua oficina, em Algés. Quando comecei não distinguia um veio de manivelas de um veio de excêntricos. Recentemente este mecânico, originariamente formado nas antigas oficinas aeronáuticas da FAP, disse-me: hoje posso-lhe dizer que teria sido um excelente mecânico mas com o cuidado e tempo que dispõe nas suas reparações, estaria completamente falido. A carroçaria foi toda restaurada e pintada nas oficinas da antiga JOL onde conheci excelentes bate-chapas e pintores hoje meus amigos. O completo restauro ficou concluído ao fim de 4 anos e com o carro em estado de concurso. Ele entrou no concurso de elegância do Estoril Sintra Classics em 2000. Ensinara-me ele que na aquisição de um clássico só devia seguir um de três caminhos seguros: com “top money” comprar um clássico em “top condition” ou comprar barato um bom “basquet” e tendo preparado “top money” entregá-lo a um especialista da marca ou pegar nesse “basquet” e fazer eu o restauro se fosse Dos três Austin Healey que tem e restaurados por si, qual foi o projeto mais ambicioso? Os dois seguintes por diferentes razões. Em 2007 iniciei o restauro do 100. Levou-me sete anos a restaurar pois nunca tinha pegado num tais e num martelo e acabei sob a tutela de José Manuel Gaspar, excelente bate-chapa que havia conhecido no restauro do 3000, a iniciar também alguma, para mim difícil, aprendizagem de chapeiro. Em 2014, com a mecânica incluída, terminei o restauro com o carro na condição de concurso. O carro participou no Concurso de Elegância ACP em 2014. Assume-se como um razoável mecânico e um manhoso bate-chapas… Sim. Gostava até de me apresentar, nos últimos anos da minha carreira médica e surpreendendo propositadamente alguns dos meus colegas, como mecânico, oftalmologista nas horas vagas. Em 2017 adquiri em Portugal, também a necessitar de completo restauro, o terceiro A-H, um 3000 MkIII Bj8 Phase 2 de1966. Obviamente a decapagem e a pintura não foram por mim realizadas e o trabalho “overall” do motor não pôde Durante sete anos Ricardo Brízido dedicou-se a recuperar o seu Austin-Healey 100-6 BN4 de 1954

7 ACP CLÁSS I COS “Gosto mais de restaurar os carros do que propriamente conduzi-los” Mundial FIVA tendo ainda como navegador o meu pai, naquela que foi na sua vida a última prova. Fiz ainda mais recentemente com o mesmo carro e tendo como navegador o meu amigo Carlos Reis, o Rali Histórico Vale do Tejo. Com o 100 e tendo como navegador o meu amigo Luís Lapa, fiz vários Passeios dos Ingleses. Mas tenho que confessar que fazer um passeio nos A-H com a minha esposa e filho é um enorme prazer, assim como na companhia de amigos com clássicos e particularmente com carros da marca Austin Healey. ser feito na minha box/oficina que é também a garagem dos dois anteriores A-H. Nela não disponho de elevador e para além das preguiças mais altas que me foi possível arranjar, tive que fazer uso de dois suportes que havia desenhado e mandado fazer no restauro anterior e que me permitem ter o carro suspenso e a rodar sobre si próprio longitudinalmente. Mas ao cabo de 4 anos, em 2021, tinha realizado e concluído nesse exíguo espaço, quase diária e solitariamente, outro restauro “ao parafuso”. Agora deste BJ8. Como coincidiu com a pandemia da Covid 19 e o carro foi pintado numa das cores originais, Metallic Golden Beige, costumo dizer que tive o privilégio de ter um confinamento “dourado”. Também em condição de concurso, este carro não fez ainda nenhum concurso de elegância nem nenhuma prova, como gosto de fazer com cada um deles. O maior gosto que tem com estes carros é o facto de os ter restaurado e não tanto o prazer de conduzi-los… Posso confirmar. No entanto, com o 3000 fiz em 2001 o Rali “O RESTAURO É UMA ATIVIDADE SOLITÁRIA MAS QUEME DÁMUITO PRAZER” O Austin-Healey 3000 MkIII de 1966 exigiu quatro anos de intenso trabalho na sua recuperação A família Healey fica-se por aqui? Já não há lugar para um quarto elemento? Tenho quase a certeza que não. Tal como antes havia terminado a minha carreira de médico oftalmologista, terminei com o último a minha carreira de restaurador de A-H. Espero que o meu filho agora com treze anos não tenha de me perguntar como a irmã mais velha, quando eu por volta do ano 2000 entrava tarde em casa vindo da oficina e referindo-se ao 3000, “então papá como vai o irmão mais novo?”.

8 ACP CLÁSS I COS PASSEIO DOS INGLESES LISBOA 1. 1. Um dos primeiros Jaguar E Type vendidos em Portugal em 1961 2. Triumph TR4 de 1967 3. Jaguar E Type de 1968 equipado com jantes Dunlop 4. MG TD na versão “special”

9 ACP CLÁSS I COS A 18ª edição do Passeio dos Ingleses concentrou, em Lisboa e no Porto, mais de 250 automóveis britânicos. Históricos, clássicos, pré-clássicos ou contemporâneos, a idade não foi o mais importante neste encontro também ele repleto de “estórias”. É o caso do Bentley T1 Coupe Sport de 1971 que integrou a caravana. Este carro pertenceu a António Champalimaud e acompanhou-o em quase todos os lugares do mundo onde o empresário viveu. Para a história desta edição, também ficam as emoções familiares, com diversas gerações a partilharem o mesmo gosto pelos automóveis britânicos. 2. 3. 4.

10 ACP CLÁSS I COS 5. 7. 6. 8. Foram muitos os clássicos com “estórias” que participaram no evento 5. Desfile de Minis 6. MGA 7. Bentley T1 Coupe Sport de 1971 8. MG TD no kartódromo de Fátima _ 9. Austin 1800 na concentração da Foz do Douro “Estórias” de pais e filhos, como a do colecionador e empresário, Aquiles de Brito, que se fez munir do Jaguar E-Type 3.8 com que o seu pai, Achilles de Brito (fundador da centenária empresa de sabonetes Ach. Brito), chegou a vencer o Circuito de Montes Claros, enriqueceram o espólio deste Passeio dos Ingleses. A sul, os 175 participantes concentraram-se no Parque Eduardo VII, em Lisboa, para depois iniciarem um percurso de cerca de 170 quilómetros, que só terminaria à hora de almoço, já no distrito de Leiria, em Ortigosa, na Quinta do Paúl. Pelo meio, fez-se a divisão por dois percursos distintos, com o Grupo Desportivo a rumar ao Kartódromo de Fátima, para pôr à prova a rapidez dos bólides ingleses numa simbólica complementar de regularidade, e o Grupo Turístico dirigiu-se à vila de Óbidos, em mais tranquilo ritmo de passeio.

1 1 ACP CLÁSS I COS PORTO No Porto, o Passeio dos Ingleses reuniu 81 “celebridades” britânicas, representativas de 13 marcas, com a MG e a Jaguar a serem responsáveis por mais de metade do pelotão. Mas a Bentley como marca patrocinadora do evento, foi pródiga a proporcionar “estórias”, também a norte. Como o caso do Bentley MK6 de 1947 com a primeira carroçaria que a marca britânica produziu em fábrica e que José Carlos Barquinha (seu proprietário há mais de 25 anos) levou à concentração do Porto. MG e Jaguar foram as marcas que dominaram o passeio a Norte Outros construtores também se fizeram “ouvir” e “sentir”, como o único Triumph Mayflower de 1951 comercializado em Portugal (dos dois únicos existentes no nosso País), ainda no seu cinzento original, que Rui Marques estreou no evento do Porto, ou do Austin 1800 MK2 S, de 1971, que António Santos admite ser o único exemplar ‘vivo’ dos seis que chegaram a Portugal e que levou mais de seis anos a restaurar. Depois da concentração na Avenida D. Carlos I, junto ao Passeio Alegre, os participantes saíram para a estrada, a caminho do almoço na Casa de Vila Verde, em Caíde de Rei, Lousada, os participantes dividiram-se, mais uma vez, entre o Grupo Desportivo e o Grupo Turístico, com os primeiros a levarem os 9.

12 ACP CLÁSS I COS 10. Um raro Panther Kallista 11. MGA 1500 a desafiar a meteorologia 12. Triumph Spitfire na Rota do Românico 13. MG TF na partida do Porto seus carros a uma visita ao Kartódromo de Fafe e os segundos a optarem por uma mais recatada concentração no Mosteiro Pombeiro, em Felgueiras. Uma jornada memorável, conforme destaca Luís Cunha, Secretário-Geral do ACP Clássicos: “A 18ª edição do Passeio dos Ingleses voltou a traduzir-se num excelente convívio, onde os aficionados dos automóveis ingleses voltaram a reencontrarse e a retomar a sensação de ‘normalidade’ pós-pandemia, com um pretexto muito válido para todos: a paixão pelos automóveis ingleses. O balanço é muito positivo, não só pela adesão, como pela forma como tudo decorreu, pelo que só podemos estar satisfeitos, confirmando que a aposta que fizemos há 18 anos, ao enveredarmos por um passeio não-monomarca, foi, e continua a ser, uma receita de sucesso”. 10. 11. 12. 13.

13 ACP CLÁSS I COS

14 ACP CLÁSS I COS Os modelos com mais de 30 anos ou futuros-clássicos com mais de duas décadas, foram as estrelas do Passeio dos Alemães, demonstrando a vitalidade dos construtores germânicos, mas também a sua capacidade para transmitir fortes emoções baseadas na história e nostalgia. E se nove marcas estiveram representadas, a Norte e a Sul, foram os modelos da MercedesBenz e Porsche que se expressaram em larga maioria, com as duas marcas a contabilizarem quase metade dos clássicos que se fizeram à estrada, mas sem que isso ofuscasse a presença de outras marcas. ASul... Passeio dos Alemães Foi num hino à história dos automóveis fabricados na Alemanha, que decorreu mais uma edição do Passeio dos Alemães. O evento juntou 103 modelos na estreia a Sul e 53 no Norte. O DESFILE CONTOU COM MAIS DE UMA CENTENA DE CLÁSSICOS E FUTUROS-CLÁSSICOS A Sul, o Passeio dos Alemães, dividiu os participantes num Grupo Turístico e outro mais desportivo, com os primeiros a visitarem o Fluviário de Mora e os segundos a viverem uma experiência de regularidade histórica na zona de Erra, em Coruche. Antes disso, a caravana emoldurou

15 ACP CLÁSS I COS com outro colorido a Tribuna de Honra do Estádio do Jamor, de onde arrancou em direção a Montargil. Houve espaço para muito saudosismo, com a presença, por exemplo, das mais antigas gerações SL do elegante Mercedes-Benz (190, W113 “Pagode”, R107 “Dallas” e R129), mas também do eterno 911 da Porsche (Série G, 964, 993, 996, 997 e 991). Na “rival” Porsche, também não faltaram exemplares colecionáveis como um 911 Carrera R.S 2.7, verdadeiro ex-libris da marca nos anos 70 e cujo histórico contabilizava uma participação no Rali de Portugal de 1979. Menos raro, mas igualmente marcante, um original Porsche 930 Turbo de 300 cv, destacou-se pelas curiosidades dinâmicas ou não fosse capaz de atingir, segundo o seu dono, qualquer coisa como 90 km/h em 1ª velocidade, 150 km/h em 2ª e 210 km/h em 3ª. Por seu lado, um dos mais dignos representantes dos futuros-clássicos assumiu-se na forma de um BMW Z8, um roadster revivalista inspirado no BMW 507 dos anos 50. á 1. Os Porsche 911 compareceram em força 2. Porsche 356 3. Mercedes 280 SL de 1970 à chegada ao Fluviário de Mora 4./5. Paragem no Fluviário 6. Imponente Mercedes Benz 280 SE 3.5 Cabrio 1. 4. 5. 6. 2. 3. NÃO FALTARAM MODELOS RAROS, COLECIONÁVEIS E CHEIOS DE “ESTÓRIAS”

16 ACP CLÁSS I COS á 7. BMW 327 cabriolet de 1937 , esplendor na relva à 8. Porsche 912 9. VW de 1954 em versão transalpina 10. Mercedes Benz e Porsche, encontro de gerações 11. Partida da Quinta dos Cónegos 7. ... e aNorte A Norte, o Passeio dos Alemães tem já um curto, mas bem-sucedido historial, após duas edições consecutivas, em 2018 e 2019. Tal como em anteriores edições, a Quinta dos Cónegos, na cidade da Maia, foi o ponto de encontro e partida para mais este passeio organizado pelo ACP Clássicos. E porque este encontro foi feito de História e muitas estórias, recuouse até aos anos 30, de onde veio o mais antigo dos modelos presentes nesta edição e único pré-guerra: um FORAM 53 OS MODELOS QUE PARTIRAM A NORTE irrepreensível BMW 327 Cabriolet de 1937, um dos três que existirão em Portugal. De um passado mais recente, mas quase com 60 anos e muito evoluído para a época, um Porsche 356B, de cor preta e interior em vermelho vivo deu nas vistas, enquanto um Mercedes-Benz 219 de 1956 relembrou a versão do “Ponton” mais rara, porque produzida a

1 7 ACP CLÁSS I COS O passeio recuou aos anos 30 de onde veio o BMW 327 Cabriolet de 1937 8. 9. 10. 11. UMA TRADIÇÃO QUE JÁ VAI NA TERCEIRA EDIÇÃO pensar nos ralis. Outra “Estrela” da companhia de Estugarda, o Mercedes 220 Sedan fez-se notar, mas, não pela raridade, mas pela longevidade atestada pelo milhão de quilómetros marcado no seu odómetro. Um Olympia Rekord de 1955 ainda no seu verde original relembrou que a Opel também faz parte da “linhagem” alemã e que o Passeio dos Alemães é pródigo em preservar os laços sucessórios familiares da paixão pelos modelos germânicos. Com apenas menos um ano, o raro Volkswagen 1200 (o popular “Carocha”) de 1954, foi outra das “vedetas”, com os esquis em madeira, fixos na traseira, como acessórios da época, a resgatarem muitos olhares. Após a concentração na Quinta dos Cónegos, a caravana seguiu viagem em direção a Vila Nova de Cerveira, com os participantes a terem a possibilidade de rolar em ritmo de passeio, com uma visita ao Navio Hospital Gil Eannes, em Viana do Castelo, ou de experimentarem sensações mais fortes, na Serra de Arga, simulando uma prova especial de regularidade histórica.

18 ACP CLÁSS I COS Emblemáticos modelos marcaram presença no primeiro passeio todo terreno organizado pelo ACP Clássicos Cerca de 40 modelos 4x4 cruzaram caminhos de terra e areia da Península de Setúbal entre a Praia do Meco, Sesimbra e Azeitão, naquele que foi o primeiro passeio exclusivamente dedicado a este tipo de veículos, organizado pelo ACP Clássicos. O evento reuniu alguns dos mais emblemáticos todo terreno entre as marcas representadas e contou com um percurso por trilhos pouco conhecidos da Serra da Arrábida. O grau de dificuldade foi moderado, permitindo a todos os participantes ultrapassar os obstáculos sem submeterem os veículos a situações CLÁSSICOS TT LANÇARAM-SE À AVENTURA NA PENÍNSULA DE SETÚBAL que os pudessem danificar. A diversidade dos inscritos foi variada com destaque para o Volkswagen Type 183 “Iltis”, um veículo dos anos 70 que esteve ao serviço do exército Belga e Canadiano, idêntico ao mesmo que foi responsável pela vitória na primeira edição do famoso Paris-Dakar em 1980. Também com caraterísticas militares estiveram presentes no passeio

19 ACP CLÁSS I COS os Jeep Willys, modelos da década de 40 e mundialmente famosos por terem estado ao serviço do exército norte-americano na Segunda Guerra Mundial. O Volkswagen Iltis de 1970 foi dos veículos militares que mais atenções atraiu Neste primeiro passeio de clássicos TT desfilaram ainda modelos da Land Rover com os intemporais Série II, III e os Range Rover que decidiram espalhar o seu charme, provando que apesar dos anos o luxo e o todo terreno continuam a ser compatíveis. Mas a lista de participantes passou também por modelos Toyota, assinalados com os resistentes BJ, ou ainda um glorioso Mercedes-Benz G. A receber muita atenção esteve ainda um pequeno italiano que não deixou ninguém indiferente e completou todo o percurso sem um único problema, o Fiat Panda 4x4. A caravana integrou também um ícone nacional que marcou presença com exemplares do Cournil e o mais “moderno” Alter, referimo-nos aos adorados UMM. Jipes que desempenharam as mais variadas atividades, desde trabalhos agrícolas, serem convertidos em ambulâncias ou participarem em várias competições como o Paris-Dakar na década de 80. Este passeio traduziu-se em mais de 70 km de aventura e boa disposição com uma paisagem de excelência e alguns pontos de contemplação como o arranque na Praia do Meco, a passagem pela zona do Cabo Espichel, áreas mais escondidas de Sesimbra e Serra da Arrábida e o final em Azeitão. O formato deste evento que agradou a todos promete regressar em futuras edições.

20 ACP CLÁSS I COS 6 0 A N O S D O G I U L I A Sou suspeito, eu sei. Persisto em massacrar os meus amigos com este meu caso sério; não me canso de falar sobre a incrível forma e design da Giulia, sobre seus interiores nobres e despojados, sobre o seu volante e manómetros tão elegantes. Mas pior, pior, é que constato que não contei nada ainda sobre a sua história. Da Giulia em geral – a Tipo 105 - e da minha em particular. Tenham paciência! É uma Giulia Super 1.3 tipo 115.09, versão Unificata, de 1972. Foi adquirida nova pelos primeiros donos para ser a sua “macchina di familia” e viveu DISEGNATA DAL VENTO CHE VINCE LE CORSE Se pensarmos no que queremos realmente de um carro é que nos ponha um sorriso na cara. Ora, a Giulia, que conta agora os seus primeiros 60 anos, continua a fazê-lo com a graça de sempre em Moçambique os seus primeiros anos. Isso explica o volante à direita e provavelmente a sua natureza quente. Foram os anos da Guerra. Viajou bastante por aquelas Terras Sonâmbulas que se moviam espaços e tempos afora. A Giulia viveu os seus primeiros anos em Moçambique Conheceu o jovem Mia Couto e os seus livros mesmo antes de este os ter escrito. Com a independência veio para a metrópole. Dividida. Despercebida como Imani nas Mulheres de Cinzas. Gostava do calor, da música e de ouvir Estórias Abensonhadas. Nos anos oitenta foi esquecida na garagem de uma casa dos seus donos de sempre e por ali ficou muitos anos. Os donos acabariam por morrer. Uma amiga minha, que vinha tratando das partilhas da família, querendo vender a tal casa POR NUNO PENA

21 ACP CLÁSS I COS desocupada, pediu-me que fosse ver a Giulia. Fui e trouxe-a no mesmo dia. Estava bem original. Apenas alguns problemas de chapa. Restaurei-a mesmo sem ter ainda a certeza de que todos os herdeiros aceitariam vender-ma. Não podia vê-la assim e avancei. Felizmente todos os herdeiros anuíram em que eu ficasse com ela. Acho que se deram conta de que jamais deviam contrariar um maluco que, com toda a lucidez, lhes asseverava que a Giulia é a mais impactante macchina de toda a história da Alfa Romeo. A sério! Começou a ser pensada no final dos anos cinquenta. Pretendia-se uma berlina desportiva e familiar. Segura. Versátil. Teria que ser muitíssimo bem estudada e planeada para que pudesse ser produzida com qualidade, rigor e em grandes números. Assim foi. O sucesso foi retumbante. Viríamos a ver Giulias atrizes de cinema, Giulias Carabinieri, Giulias de corrida, de rally… Sempre foram equipadas com motores de 1300 ou 1600 cm3 e mantiveram a sua forma praticamente inalterada desde 1962 até 1977 e eterna desde então. A isso não foi alheia a eficiência da sua aerodinâmica praticamente sem rival. À altura e mesmo nos dias de hoje (0,34), o que só não me deixa de boca aberta porque conheço bem todo o trabalho de antecipação que remontou aos famosos Alfa 1900 BAT de Nucio Bertone. Foi realmente Disegnata dal Vento. De entre as várias versões produzidas (… e aqui seria a parte em que, se eu fosse um “chato”, vos falaria dos onze modelos ou versões e de todos os detalhes… mas não há espaço senão para falar da Giulia TI Super, o que até não calha mal porque houve uma versão diesel que me embaraça bastante e queria mesmo evitar falar dela) é justo que destaque a Giulia TI Super, que com os seus 110 cavalos e atingindo os 185 km/h oi especificamente concebida para competição. Após os incríveis sucessos da mítica Alfetta na F1, nas Mille Miglia, na Carrera Panamericana e em tantas outra provas a marca abandonou as competições nos anos 50. Porém, quando surgiu a ideia de se levar por diante nos anos 60 o campeonato europeu de carros de turismo a Alfa Romeo entendeu participar com a sua coqueluche Giulia. Orazio Satta Puliga e Giuseppe Busso, nomes para sempre ligados à história do automobilismo foram os responsáveis pelo projeto. A Giulia TI Super acabaria por ser a primeira Alfa, após 1954 a ostentar, e com toda a justiça, o mítico trevo de quatro folhas que vinha decorando os alfas de competição desde que, em 1923, o piloto Ugo Sivocci, na prova de Targa Florio, entendeu colocar um trevo no carro para que tivesse sorte, o que veio efetivamente a acontecer. Sivocci venceu a corrida. Não nasceu, pois, por acaso, um outro “slogan” publicitário da Giulia: La machina di famiglia che vince le corse!

22 ACP CLÁSS I COS Renaud Marion e seus carros clássicos voadores Já existem clássicos eletrificados para se adaptarem à nova mobilidade, mas o fotógrafo Renault Marion foi mais longe ao imaginar como serão esses automóveis quando não precisarem de rodas para se moverem. Isso mesmo revelam as suas obras da coleção Air Drive. A primeira série é composta por um conjunto de de nove fotografias de clássicos famosos das décadas de 50, 60 e 70, como o Aston Martin DB5, o Jaguar E-Type, o Mercedes 300 SL ou o Porsche 356, que parecem flutuar acima do solo. Mais tarde, juntaram-se outros modelos inesquecíveis como o Ford Mustang, o Citroën DS ou o Mercedes SL Pagode. NOTÍCIAS CHEVROLET DE 1967 TEM O DESIGN MAIS INOVADOR O Chevrolet Corvette Stingray é visto como um dos carros mais emblemáticos da indústria automóvel. E um dos motivos prende-se com o seu design considerado o mais inovador que se fez do outro lado do Altlântico, na década de 60. Inspirado na figura de um tubarão, transmitia poder e emoção até aos mais entusiastas pelos desportivos europeus. Produzido entre 1963 e 1967, é um dos clássicos mais cobiçados pelos colecionadores. Enzo Ferrari com direito a filme biográfico Adam Driver, Penélope Cruz e Shailene Woodley foram os atores escolhidos para o próximo filme biográfico sobre Enzo Ferrari. Realizado por Michael Mann, “Ferrari” conta a história de um homem fascinado por carros que começa a trabalhar como mecânico e em 1924 torna-se piloto de competição. Em 1947, Enzo começa a fabricar carros desportivos de luxo e três anos mais tarde funda a escuderia Ferrari da Fórmula 1. Adam Driver vai interpretar a personagem de Enzo Ferrari, Penélope Cruz interpreta a sua esposa, Laura, e Shailene Woodley interpretará a amante de Enzo, Lina Lardi. PRIMEIRO CARRO DE JAMES BOND FOI UM BENTLEY James Bond é sinónimo de Aston Martin, mas antes de ser o agente secreto de Sua Majestade, era o assassino atormentado e taciturno dos romances de Ian Fleming que conduzia um Bentley.

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