Explicar o processo de extração deste metal alcalino de coloração esbranquiçada é relativamente simples. Alguns dos minerais de onde o lítio pode ser extraído são a espodumena, a lepidolite, a petalite, a eucriptite e a ambligonite. Também é possível recorrer às salmouras onde se pode extrair lítio, mas em estado de cloreto, sendo mais fácil utilizar para a criação de baterias. É nos Andes (Argentina, Chile e Bolívia) que se concentram 75 % das reservas de cloreto de lítio de todo o mundo. Uma tonelada de rocha para 5 gramas De volta a Portugal, o processo irá começar pela extração mecânica de rocha com recurso a equipamento pesado. O mineral é depois transportado por longos tapetes rolantes para a fase de trituração e peneira. Segue-se um processo de pré-utuação em que são usados agentes de limpeza que originam uma massa, que depois vai passar por nova peneira e centrifugadores. Segue-se nova utuação, lavagem e adição de produtos químicos, sendo depois tudo seco e ltrado. Para obter cinco gramas de lítio é preciso partir uma tonelada de rocha, segundo alguns cálculos. Isso implica minas a céu aberto com vários quilómetros de área. Concelho de Mangualde faz parte de uma das maiores zonas de prospeção de lítio Para que serve o lítio? Há várias utilidades que se podem atribuir ao lítio e uma das que mais pressão está a exercer sobre a sua procura prende-se com a questão das baterias necessárias para os carros eletrificados (híbridos, plugin e elétricos), em que se recorre aos ióes de lítio. Há muitas outras indústrias que também precisam do lítio. Por exemplo, ainda no campo da tecnologia, os telemóveis, tablets e computadores precisam de baterias que usam lítio. Menos evidentes são as utilizações de lítio no fabrico de ligas metálicas para o setor aeronáutico, vidros de alta resistência, produção de plásticos, borrachas sintéticas, ligas de alumínio, fabrico de graxas e lubrificantes, cerâmicas e até medicamentos, como é o caso do carbonato de lítio, indicado para o tratamento de situações maníacodepressivas e de comportamentos bipolares. A guerra ao lítio Com estas características de extração, e apesar do seu valor no mercado, as populações reagem com enorme desconança à possibilidade de terem no seu concelho uma atividade que implica escavar montes e partir rochas em grandes quantidades. As mais de 20 autarquias abrangidas pelas seis áreas de prospeção receiam o futuro A gerir essa desconança estão as mais de 20 câmaras municipais abrangidas pelas seis áreas que agora vão a concurso de prospeção. Apesar das reuniões mantidas com o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, no sentido de obter esclarecimentos e garantias, o medo persiste. "Os autarcas transmitiram que se opõem a qualquer método invasivo utilizado e que ponha em causa o património ambiental ou as nossas populações", revelou o presidente da Câmara de Felgueiras, Nuno Fonseca, após reunião ministerial com as câmaras de Amarante, Celorico de Basto, Fafe, Felgueiras, Guimarães e Mondim de Basto, todas elas abrangidas pela área de Seixoso-Vieiros. Também as câmaras de Mangualde, Guarda e Covilhã levantam resistências à extração de lítio nos seus concelhos. Defesa do ambiente e da qualidade de vida são os principais argumentos da contestação. A transição energética para a mobilidade elétrica vai exigir o fabrico de muitas baterias 7
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