Revista ACP Dezembro

Volvo admite que produzir um carro elétrico é 70% mais poluente A marca sueca surpreendeu ao revelar que, nas suas contas, produzir um veículo zero emissões a nal polui mais do que fabricar o mesmo modelo com motor a combustão A Volvo Cars produziu um estudo interno onde analisou o ciclo de vida de alguns dos seus modelos e chegou a conclusões surpreendentes, até por ser uma marca que tem feito uma forte aposta nas motorizações elétricas. É que produzir um modelo XC40 Recharge, com motor elétrico, acabou por se revelar 70% mais poluidor do que produzir o mesmo modelo com motor a combustão. Uma con€ssão que contraria todo o discurso de marketing que a marca tem adotado nos últimos anos, que já prometeu ser uma marca totalmente elétrica até 2030. Esta confissão da marca sueca abre um precedente na abordagem à medição de CO2 O estudo começa por comparar apenas a utilização de um e de outro modelo com base na eletricidade produzida a partir da mistura de energias renováveis e não renováveis o chamado “global eletricity mix”, que equivale a 63% de energias fósseis e 37% de energias renováveis usadas na sua produção. Assim, a pegada de carbono do XC Recharge é apenas ligeiramente mais pequena do que a pegada do XC40 a combustão, precisando de percorrer pelo menos 110 mil quilómetros para poluir menos que o “irmão” a combustão. E quando chegar aos 200 mil quilómetros, meta usada para considerar o €m de vida de um veículo, o elétrico terá gerado no total apenas menos 15% de emissões do que o XC40 a combustão. E só se usar apenas energia renovável, para já um cenário utópico, é que o Recharge consegue reduzir em 50% a sua pegada ecológica face ao XC40 a combustão. O verdadeiro problema começa quando é feita uma análise ao ciclo de vida destes modelos desde o arranque da sua produção até ao €m de vida. Diz o estudo que “outro ponto interessante a assinalar em relação à produção de materiais e a fase de re€nação em que o XC40 Recharge tem uma pegada de carbono aproximadamente 20% mais alta do que o XC40 a combustão, principalmente devido ao maior peso do XC40 Recharge e a uma maior quota de alumínio e um maior peso da eletrónica”. Mas a questão agrava-se quando são contabilizados os efeitos provocados pelas baterias de iões de lítio usadas no XC40 elétrico. “A adição mais signi€cativa, contudo, é a bateria de iões de lítio. Em suma, a pegada de carbono dos materiais usados na produção e re€nação incluindo a categoria das baterias aumenta em 70%”, concluiu o estudo. O problema está nas baterias. Os processos de extração do lítio e consequente produção das baterias com este material, já que toda essa cadeia depende ainda em grande parte de energia gerada com recurso a combustíveis fósseis. Olhando apenas para o fabrico de um elétrico, cabe às baterias a responsabilidade por cerca de 30% das emissões produzidas. Este é um problema já reconhecido por várias marcas que também apostam na eletri€cação. O CEO da Toyota, Akio Toyoda, a€rmou “quanto mais veículos elétricos construímos, pior são os níveis de dióxido de carbono. Isto signi€ca que o consumidor deve escolher o modelo de que realmente necessita e não de acordo com uma tendência ou moda. A escolha da viatura deve ter em conta factores como quilómetros a percorrer e facilidade no carregamento elétrico, sendo vantajosos para o transportes ligeiro de passageirtos, como táxi ou TVDE. Só com longas quilometragens é que os elétricos diluem o carbono produzido 9

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