Revista ACP Dezembro

Para a ACEA, “todas as motorizações e suas energias devem ter o seu papel nesta transição para a neutralidade carbónica, pelo que a aposta deveria ser feita na inovação em vez de banir ou prescrever certas tecnologias”. O presidente da ACEA, e também CEO da BMW, Oliver Zipse, resumiu a questão: “Não são os motores a combustão que prejudicam o ambiente, mas sim os combustíveis baseados nos fósseis, pelo que a aposta só nos elétricos é errada”. em 2022. A este propósito, a Comissária Europeia da Energia, Kadri Simson, concordou em julho que “precisamos de mais energia renovável para atingir os objetivos de 2030, mas essas propostas virão mais tarde”. Os 14 anos que faltam para o alegado ‘m dos motores a combustão na Europa são demasiado curtos para colocar todas as ‘chas na aposta dos elétricos, que neste momento ainda têm autonomias muito limitadas, preços muito elevados e uma infraestrutura de carregamentos insu‘ciente. A falta de postos de carregamento é também um dos argumentos da Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis (ACEA): “os próprios especialistas da Comissão Europeia descobriram, entretanto, que a redução de 50% do CO2 vai exigir a instalação de seis milhões de postos de carregamento até 2030, mas na apresentação da proposta em julho não foi avançado nenhum número”. Para a ACEA, o retrato atual da infraestrutura de carregamentos na Europa “é muito desequilibrado: 70% dos postos de carregamento de elétricos existentes na Europa estão concentrados em três países, com os Países Baixos a liderar (67 mil postos), França (46 mil) e Alemanha (45 mil)”. Esta discrepância entre países ricos e países pobres signi‘ca que, por exemplo, gregos, lituanos, polacos ou romenos ainda têm de percorrer em média cerca de 200 km ou mais para encontrar um posto de carregamento, segundo os dados daquela associação. Apesar das críticas e das várias falhas apontadas ao pacote legislativo apresentado em julho, a Comissão Europeia mostra-se con‘ante nesta aposta. Segundo fonte o‘cial da Comissão revelou à Revista ACP, “Dado que um carro dura em média 10-15 anos, a transição tem de começar na próxima década. Na nossa Estratégia de Mobilidade Inteligente e Sustentável previmos que pelo menos 30 milhões de automóveis com emissões zero na Europa até 2030”. Recorde-se que veículos elétricos, a hidrogénio ou a combustíveis sintéticos emitem zero ewmissões. Para defender a visão otimista, a mesma fonte esgrime números: “a procura de veículos eletri‘cados (sobretudo híbridos) continuou a aumentar no último trimestre de 2020, com quase meio milhão de novos veículos na UE. Este foi o valor mais elevado registado e traduziu-se numa quota de mercado de 17% ”. Sobre os postos de carregamento, a Comissão considera que “o rápido crescimento das vendas dos eletri‘cados foi acompanhado por uma expansão das infraestruturas de carregamento”. dos carregadores de elétricos existentes na Europa estão concentrados em três países 70% Rede de carregamentos vai estrangular transição Marcas querem mais tempo e combustíveis sintéticos Os três maiores grupos automóveis do mundo (Toyota, Volkswagen e Stellantis) recusaram assinar o protocolo de Glasgow, com vista ao fim dos motores a combustão, mas também gigantes como a Hyundai-Kia e a Renault-Nissan recusaram a petição. Para se ter uma dimensão, a Toyota vende anualmente entre nove a 10 milhões de veículos por ano, incluindo dois milhões de híbridos. Para os responsáveis da Toyota, “há muitas outras maneiras de tentar chegar à neutralidade carbónica”. Em entrevista à France-Press, Kohei Yoshida, responsável pela Toyota ZEV, a fábrica do grupo dedicada exclusivamente aos veículos de emissão zero, defendeu que “vai demorar muito tempo até conseguir montar a infraestrutura necessária para veículos elétricos, sejam eles movidos a eletricidade ou hidrogénio, em regiões como África ou América Latina”. Para a Toyota a hibridização “vai ter um papel muito importante para atingir a neutralidade carbónica nas economias em desenvolvimento”, explicou Yoshida. Também a maior economia da União Europeia, a Alemanha, ficou de fora do protocolo por falta de acordo no seio do governo alemão. É que o Ministro do Ambiente duvida dos combustíveis zero emissões, ao passo que o restante executivo está aberto a essa possibilidade, relatou a Reuters. Apesar da Mercedes- Benz ter assinado o protocolo, o CEO Ola Kaellenius considera que os combustíveis sintéticos pode ser um marco fundamental para a transição. Também o CEO do Grupo Volkswagen, Herbert Diess, considera que “não é possível atingir a total eliminação dos motores a combustão até 2040”, acrescentando que são precisas "matérias-primas, novas minas, uma economia circular. A capacidade das baterias e a construção de redes de energia renovável em toda a Europa será o ponto de estrangulamento". 8

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