Revista ACP Dezembro

na mesma medida, os restantes setores que perfazem 75% das emissões mundiais. Para o ACP, um dos aspetos mais importantes a ter em conta na análise desta proposta de regulamento da Comissão é o do ciclo de vida de um automóvel, desde a sua produção até ao seu abate. Se analisarmos as emissões produzidas por um carro elétrico a andar desde que larga o posto de carregamento até car sem carga na bateria, o resultado é zero. Mas se olharmos para todo o processo produtivo de um automóvel, os resultados entre carros a combustão e os elétricos esbate-se de forma extraordinária. que envolvam todas as soluções. Em primeiro lugar, é impossível demonstrar que os 500 milhões de habitantes da União Europeia vão conseguir mudar dos motores a combustão para os motores a eletricidade nos próximos 14 anos (2035). Em segundo lugar cam de fora da discussão alternativas igualmente viáveis, como os combustíveis sintéticos e o hidrogénio, ambas soluções que são emissão zero. Ninguém questiona a necessidade de uma ação climática, mas são muitas as entidades que consideram que esta solução proposta pela Comissão vai prejudicar os consumidores com menores recursos, assim como dicilmente vai conquistar a tão desejada neutralidade carbónica. O Automóvel Club de Portugal está empenhado na proteção do clima e apoia os esforços da União Europeia na redução em 55% dos gases com efeito de estufa até 2030 e a neutralidade carbónica em 2050. Também o setor dos transportes deve contribuir para esse objetivo. O problema é que reduzir as emissões deste setor, por si só, não é suciente, já que, considerando também os transportes marítimo e aéreo, representa 25% do total das emissões. É preciso envolver, O Ministro Matos Fernandes fechou a Central do Pego e agora Portugal importa eletricidade produzida a carvão de França Transporte marítimo e aéreo representa 25% do total das emissões 25% 70% da energia consumida em Portugal não tem origem em fontes renováveis Basta olhar para uma fatura caseira de eletricidade para constatar que a maior parte da eletricidade consumida ainda é de origem não renovável. A maior fonte de produção de eletricidade é o gás natural, que ocupa quase 50% da origem da energia. Se lhe somarmos a eletricidade produzida a partir de cogeração fóssil, carvão e ainda o nuclear, então mais de 70% da origem da energia consumida em Portugal emite CO2. Portugal deixou definitivamente de usar carvão na produção de eletricidade, graças ao fim dessa atividade pela Central Termoelétrica do Pego, responsável por 4% das emissões em Portugal, mas agora depende da importação de energia produzida a carvão para satisfazer as necessidades de consumo particular. Até outubro, 2% da eletricidade consumida em Portugal teve origem no carvão. Portugal não assinou protocolo Portugal não assinou o protocolo em Glasgow, escudando-se na recente aprovação da Lei de Bases do Clima, que no ponto 4 do 44º artigo estabelece o ano de 2035 “como data de referência para o fim da venda de veículos movidos exclusivamente a combustíveis fósseis”, segundo adiantou à Revista ACP fonte do Ministério do Ambiente e Ação Climática. É que o protocolo firmado na COP26 incluía também o fim da venda de carros híbridos, posição que a Lei de Bases do Clima não contempla. A recente "conssão" da Volvo, que admite gerar mais 70% de emissões ao fabricar um dos seus modelos elétricos do que o mesmo modelo com motor a combustão (ver página 9), é um exemplo cristalino de que abater os motores a combustão para promover os elétricos pode ter efeitos contraproducentes, pois banir os combustíveis fósseis apenas pode estar a empurrar a poluição dos tubos de escape para o setor da produção de energia elétrica. Um relatório da Agência Internacional da Energia publicado em julho previa que a recuperação económica pós-pandemia iria provocar um aumento de 5% na procura mundial pela eletricidade, que é gerada em mais de 60% por combustíveis fósseis, o que será suciente para elevar as emissões de CO2 para “níveis recorde” 7

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