Revista ACP Dezembro

13 da União Europeia”. A mesma fonte adiantou à Revista ACP que, “neste contexto, estamos a levantar esta questão junto dos nossos homólogos chineses, a m de fazer face à escassez imediata, e a avaliar soluções a longo prazo para fazer face a esta dependência estratégica”. A pressão é grande. Um vasto consórcio de associações, entre elas a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), lançou um alerta para o “impacto catastróco” da falta de magnésio. E fez as contas, sem poupar nos adjetivos: “as importações de magnésio que ainda hoje restam estão a ser comercializadas a preços extorsivos de cerca de 10.000 a 14.000 dólares por megatonelada (um milhão de toneladas), contra os cerca de 2.000 dólares por megatonelada registados no início deste ano (um aumento na ordem dos 700%), tornando quase impossível para as empresas europeias produzir ou obter materiais com magnésio a preço viável”. Aumento do custo das matérias-primas Há vários fatores para explicar o aumento do custo das matérias-primas. Se no caso do magnésio a explicação está localizada na China, noutros casos é mais difícil apontar um só responsável, sendo essa uma das características das crises vividas pelas indústrias altamente globalizadas e com baixo stock de matérias. Pedro Silva, analista da KPMG, explica à Revista ACP que “a partir do momento em que a recuperação de uma parte da indústria, neste caso a europeia, surge ao mesmo tempo que ainda havia indústrias paradas e sem capacidade de resposta, como a asiática, a procura tornou-se muito superior à oferta, o que leva a um inevitável aumento dos preços”. Se faltam componentes e máterias-primas, o resultado é óbvio: o aumento do custo global dos automóveis E se alguns dos componentes ou matérias em falta são mais críticos do que outros, como por exemplo o alumínio ou o aço que estão a faltar no setor automóvel, tal só pode ter um resultado óbvio: “levar a curto prazo ao aumento do custo global das viaturas”, conclui este analista. Transporte marítimo com falhas Mas há mais: o transporte marítimo também vive águas agitadas. “É um setor que está a ser muito afetado. Para dar uma ordem de grandeza, entre 2020 e 2021, o custo de transporte de um contentor entre a Ásia e a Europa aumentou seis vezes. Isto acontece também devido à falta de capacidade de resposta dos portos”, explica o analista da KPMG. E há ainda mais um pormenor, “com o qual ninguém contava mesmo”, que é a falta de contentores a nível mundial, o que desorganiza ainda mais o transporte de mercadorias. Se em 2020 o mundo viveu com espanto a inédita crise sanitária da Covid, em 2021 o espanto não cessou com a inédita crise económica que se abateu, sobretudo nas indústrias mais globalizadas, caso da do automóvel. O custo do transporte de um contentor entre a Ásia e a Europa subiu seis vezes em menos de um ano. A isto acresce a falta de contentores e grande pressão sobre os portos Carros novos podem demorar ano e meio a chegar “Não havendo viaturas novas, não há entregas, o que já está a gerar prazos de entregas de 12 a 18 meses no mercado nacional, o que é muito”, considera Pedro Silva, analista da KPMG. Esta situação está a empurrar muitos consumidores para o mercado dos usados, o que leva a um aumento natural dos preços, mas também potencia o aumento da idade média do parque automóvel que, tal como o Automóvel Club de Portugal já alertou por várias vezes, tem impactos na sinistralidade rodoviária e também na tão propalada descarbonização que se pretende para daqui a 14 anos. Recorde-se que Portugal tem um dos parques mais envelhecidos da Europa, com cerca de 13 anos de idade média dos seis milhões de viaturas existentes.

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