Revista ACP Outubro

58 A influência da cultura francesa e o facto de durante muitos anos só terem circulado em Portugal automóveis de fabrico francês, contribuíram para a prática de uma terminologia ligada ao mundo automóvel, em francês. Mas há 80 anos, o Automóvel Club de Portugal entendeu que podiam existir palavras ou locuções portuguesas para substituir esses termos estrangeiros sempre que se fizesse referência, digamos que, à linguagem automóvel. Através da revista, o clube lançou uma campanha aos sócios e leitores em geral para que colaborassem na organização de um vocabulário técnico automóvel em português. Em diversas edições de 1941 foi publicada uma vasta lista de termos a traduzir, que criaram um “novo” léxico. ACP promoveu há 80 anos um vocabulário automóvel Palavras como chauffeur, panne, carter, embrayage, brécage ou garage faziam parte do léxico dos automobilistas. Em 1941 o ACP lançou uma campanha para adaptar muitos desses termos estrangeiros para o português O ACP lançou uma campanha para a organização de um vocabulário técnico automóvel em português No primeiro grupo constavam aqueles que há muito já tinham tradução mas que se continuava a pronunciar na língua original como: allumage (inflamação); amperàge (amperagem); bielle (biela); bobine (bobina); borne (terminal); carroserie (carroçaria); changement de vitesse (caixa de velocidades); chauffeur (condutor); chassis (caixilho); culasse (culatra); demarrage (arranque); zoupille (troço); mâchoire (maxila de travão); páre-brise (para-brisas); patinagem (patinagem); radiateur (irradiador); ralenti (mínimo); segment (segmento); sport (desporto); villebrequin (cambota); voltage (voltagem) ou virage (viragem). No segundo grupo incluíam-se termos para os quais já tinham sido proposta tradução como: alèsage (diâmetro); came (excêntrico); capot (capota); cardan (ligação elástica); carter (caixa do motor); cogner (bater); embrayage (engate); garagem (recolha); gicleur (pulverizador); mise-en-marche (arranque); pignon (carrete); piston (êmbolo); poulie (roda de garja); poussoir (alçaprema); rapport (relação); raté (falha); starter (iniciador); taquet (taco) ou trainbaladeur (trem móvel). A iniciativa teve larga aceitação e foi ao encontro das expectativas do clube No terceiro grupo, reuniram-se os termos para os quais não eram conhecidas traduções ou expressões equivalentes como: amorcer (iscar, engodar a bomba); braquage (borneio); cassis (rêgo, sargêta); cabrer (empinar); capoter (virar); dérapage (resvalo, resvalagem); dériver (deslizar); empatement (embasamento, de base); fringalage (carrilamento); glissement (escorregamento); jaule (sonda); ornière (sulco); palier (apoio, da cambota); panne (avaria); pinçage (atenazamento); plafonier (lanterna); plancher (sobrado); pont-arrière (ponte, eixo-motriz); prise directe (força direta, velocidade direta); racleur (limpador, de para-brisas) ou réprise (reaceleração). A iniciativa teve larga aceitação e foi ao encontro das expectativas do clube.

RkJQdWJsaXNoZXIy ODAwNzE=