Revista ACP Outubro

Renovar a carta aos 98 anos Para António Carmo Teixeira, o acto de conduzir é a maior forma de independência que poderia ter nesta fase da vida. Agora que renovou a carta até aos 100 anos, promete que ninguém o para, mas sempre em segurança e com um respeito absoluto pelas regras de trânsito sem grandes esperas". Com carta tirada em 1949, a condução assume uma relevância cada vez maior na vida de Carmo Teixeira: "Conduzir é para mim fundamental pois quando estou ao volante aquilo acaba por ser um verdadeiro exercício físico e intelectual que é muito importante para mim, faz-me sentir que ainda estou válido, apesar da minha idade. Guiar obriga-me a coordenar várias coisas ao mesmo tempo, como o movimento dos pés, a posição das mãos, a atenção à estrada, o raciocínio, a tomada de decisão e, sobretudo, a estar atento aos possíveis erros, sobretudo dos outros. Sou muito focado na condução, nem a música ligo", explica este quase centenário automobilista. Em 2020, de acordo com a Pordata, havia cerca de 330 mil pessoas com mais de 85 anos. "Conduzir acaba por ser um exercício fisíco e intelectual muito importante para mim, faz-me sentir válido" Nem todos se podem gabar de ter a carta renovada aos 98 anos, mas António Carmo Teixeira (sócio 23406) pode e fá-lo com todo o orgulho. Com a garantia de que, neste momento, vai poder guiar até aos 100 anos, Carmo Teixeira, como gosta de ser tratado, promete tirar o máximo partido da condução, um ato que, quando era mais novo era um dado adquirido, mas que agora tem de ser posto à prova a cada dois anos, desde os 70 anos. "Já conduzi milhares e milhares de quilómetros, tanto por razões pro“ssionais como por lazer, só a Madrid já fui mais de 50 vezes. Uma das vezes até demorei mais de 20 dias a chegar". A explicação chega acompanhada por um sorriso: "é que aproveitei para ir Sevilha, a Cadiz e a muitas mais cidades, fui quase até a França para conseguir chegar à capital As viagens longas reduziram-se, mas Carmo Teixeira ainda vai fazendo algumas espanhola". Mais a sério, este antigo quadro superior dos CTT explica a sua forte ligação com a condução. "Moro em Gaia e sempre que as condições climatéricas o permitem vou todos os dias até até à marginal e faço cinco a seis quilómetros a pé em direção à Afurada. Conduzir dá-me a independência de que necessito, permite-me ir resolver este ou aquele assunto, sem depender de outras pessoas ou de outros tipos de transporte". E cheio de vivacidade, Carmo Teixeira recorre imediatamente ao exemplo que está mais à mão: "acontece que muitas vezes termino a caminhada a suar e se fosse de transportes para casa ainda teria de “car bastante tempo na paragem a arrefecer e por certo “caria constipado, o que é péssimo, sobretudo quando se tem 98 anos. De carro “co logo resguardado e sigo direto para casa, 10

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