Revista ACP Junho

do que se passa com os carros a combustão, os carros elétricos gastam mais em autoestrada e menos em cidade. Neste caso tratava-se de circular numa autoestrada a uma velocidade média de 100 km/h, com dois adultos, duas crianças, respetiva carga, ar condicionado ligado e rádio a funcionar. Autonomia: o grande desafio Cerca de uma hora depois de se ter iniciado a viagem, praticamente com uma centena de quilómetros percorridos, o carro já estava a perder cerca de 20 km em relação à primeira previsão. Pouco mais de 20 minutos depois e a perda já era de 53 km face à estimativa inicial. De novo a explicação reside no tipo de utilização da viatura e, neste caso, o consumo tinha subido para os 21 kWh/100 km (em cidade, com menores velocidades e com a regeneração de energia através da travagem, este consumo baixa facilmente para os 16 kWh/100km). Os carros elétricos são mais poupados em cidade e gastam mais nas autoestradas A verdade é que nem duas horas de viagem tinham passado e a autonomia já estava nos 64 km, o equivalente a 20% de bateria. E o carro dava o alerta para carregar. No planeamento inicial a intenção era parar na área de serviço de Antuã, pois só ficariam a faltar 150 km de viagem, o que permitia mais folga com um só carregamento e ficava mais perto da hora de almoço, já que a melhor estratégia é tentar fazer coincidir as pausas de carregamento com as pausas de refeição. Mas o ajuste de autonomia que a viagem foi revelando impôs antes uma paragem na área de serviço de Mealhada-Cantanhede, precisamente a meio do percurso e suficientemente cedo para impedir um almoço. E era preciso planear, até porque ficar parado na autoestrada sem carga na bateria (ou por outra razão qualquer), com a família às “costas”, não deve ser nada agradável. O mapa da Mobi.e tem informação sobre os postos quase em tempo real De todas as soluções que foram pesquisadas na internet, a melhor ferramenta acabou por ser aquela que é disponibilizada pela Mobi.e, a empresa pública que gere a Rede de Mobilidade Elétrica, agora toda concessionada a privados. No respetivo site encontra-se um mapa com informação atualizada praticamente em tempo real sobre localização de postos e o seu estado de funcionamento e ocupação. Sim, porque um viajante de carro elétrico pode fazer todo o planeamento certinho, mas tem de saber se naquele momento o posto que pretende já está ocupado ou não. E o tempo de permanência nos postos varia entre 30 minutos e uma hora (considerando que são postos de carregamento rápido, como acontece na autoestrada). Estes imprevistos podem facilmente significar mais uma hora de tempo na viagem e convém ter um plano B, sempre que possível. Com uma autonomia anunciada de até 425 km, o ID. 3 apresentou-se afinal com apenas 337 km disponíveis. Este valor varia conforme a utilização da viatura, tal como acontece no consumo de combustível dos carros com motor a combustão. Mas, ao contrário Há áreas de serviço que ainda só dispõem de carregadores num dos sentidos da viagem Governo reconhece que a rede é insuficiente O Governo, através do Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC), reconhece que a rede ainda é insuficiente, que nas localidades adjacentes às autoestradas a oferta é grande e promete aumentar a oferta. Em resposta ao ACP, o MAAC lembra que “as principais autoestradas do País já hoje dispõem de postos de carregamento de veículos elétricos (entre as quais se contam A1, A2, A25, A23, A22). Nas restantes estão planeados, ou em fase de instalação, postos de carregamento que complementam a já existente rede, presente nas cidades e localidades servidas pelas autoestradas nacionais”. 8

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