Revista ACP Junho

E aqui entra um teste à paciência. Se em condições normais, isto é, sem pandemia, os passageiros podiam sair do carro e frequentar a zona de restauração e serviços enquanto a viatura carregava, hoje em dia a prudência de alguns manda esperar cá fora, tentando entreter duas crianças com menos de 10 anos com bolachas e tecnologia. Tempo de carregamento: uma hora para ir dos 20 aos 100% de bateria. Apesar da recomendação geral das marcas ser a de carregar até aos 80%, o que neste caso iria poupar cerca de 20 minutos de paragem, no caso de uma viagem em que ainda faltavam 200 km, com a serra do Marão pelo meio, toda a célula de bateria preenchida era muito bem vinda. Autonomia ganha com uma hora de carregamento? 278 km, agora mais ajustados ao tipo de condução praticado nesta viagem. O conforto do silêncio Entretanto iam chegando as primeiras conclusões gerais da viagem: a ausência de barulho de motor nos elétricos torna as viagens menos cansativas e, afinal, um elétrico pode não ser menos divertido de conduzir do que um carro de motor a combustão, mesmo estando sempre a vigiar as localizações dos postos de carregamento. Mas ainda faltava mais viagem e receios pela frente. Numa viagem longa o melhor é fazer coincidir refeições e carregamentos Quebrado o plano de fazer coincidir o carregamento com a pausa da refeição, optou-se por entrar no Porto para encontrar uma esplanada e almoçar com segurança sanitária. E como a rede de carregamentos nas cidades é bem mais abundante do que nas autoestradas, não se perdeu a oportunidade de aproveitar um posto perto do restaurante para dar mais uma carga no carro, embora sem grandes efeitos práticos por ser um posto de carregamento normal (3,7 kW), ao contrário dos postos de carregamento rápido (50 kW). Ganhou-se apenas 4 km de autonomia. Seguindo caminho pela A4, os receios com a autonomia não aumentaram, mas a vigilância manteve-se alta, pois entrou-se em terra de ninguém, ou seja, nenhuma das duas áreas de serviço até Vila Real dispunha de carregamentos elétricos. Aliás, nenhuma das quatro áreas de serviço até Bragança tem um posto sequer, o que obriga a gerir paragens fora da autoestrada ao longo dos 223 km que vão de Matosinhos até ao extremo do Nordeste de Portugal. O mesmo acontece aos que, por exemplo, indo para o Minho, tenham de percorrer os 100 km de A28 até Vila Nova de Cerveira (há apenas postos em Matosinhos), ou aqueles que percorram os 115 km da A3 até Valença. Os exemplos pela negativa sucedem-se, pelo que mais vale ver o assunto pela positiva: apenas a A1 (Porto – Lisboa), A2 (Lisboa – Albufeira), A22 (Lagos – Vila Real de Sto António), A23 (Torres Novas Guarda) e A25 (Aveiro – Vilar Formoso) é que dispõem de postos de carregamentos elétricos. Ao todo, são 30 postos para mais de três mil km de autoestradas, o equivalente a cerca de 15 áreas de serviço, já que costuma ser um posto por cada sentido de autoestrada. A Norte de Aveiro só há uma área de serviço que permite carregar veículos elétricos A verdade é que, de novo, a realidade não bateu certo com as previsões de autonomia. Se à saída da área da Com uma potência de carregamento de 50 kW, é preciso uma hora para ter a bateria a 100% 10

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