Revista ACP Fevereiro
"Mesmo com a vacina vamos ter de manter as medidas de proteção" A medicina tem os olhos postos no poder das vacinas para curar uma sociedade paralisada pela Covid-19. Mas ainda há duvidas sobre a imunidade de grupo Qual a importância da vacinação contra a Covid-19? Como médico de saúde pública, naturalmente que considero a vacinação uma ferramenta fundamental e provavelmente aquela que mais vidas salvou ao longo das últimas décadas. Neste caso concreto da Covid-19, consideramos que vai ser uma ferramenta importante para sair desta crise pandémica. A minha expectativa é a de que, uma vez que os mais vulneráveis já estejam vacinados, que são aqueles que causam mais pressão sobre o sistema de saúde e também são os que têm maior mortalidade associada, possamos ter um regresso, de forma mais ou menos sustentada, àquilo que era a nossa rotina, o nosso quotidiano. Atenção que numa fase ainda longa vamos ter de manter aqui um conjunto de medidas de proteção que possam ajudar, juntamente com a vacina, a empurrar os números para baixo. "Ainda não temos muitos dados sobre a capacidade da vacina reduzir a transmissão" Com a vacina vamos conseguir chegar à imunidade de grupo? Os ensaios que foram feitos com a vacina têm a ver com a capacidade da vacina reduzir a mortalidade e reduzir a doença severa. Mas não temos ainda muitos dados sobre a capacidade da vacina reduzir a transmissão da doença. Em Israel há alguns dados que são animadores, pois nos grupos que já estão vacinados, há um decréscimo na incidência. "Para já só são conhecidas reações adversas ligeiras à vacina, como dor de cabeça, cansaço ou mal-estar" Há reações adversas à vacina? Felizmente, daquilo que é o meu conhecimento, não há registo de reações adversas muito severas. As vacinas têm um efeito, um impacto, e pode sempre haver situações mais complicadas. Até agora, aparentemente, não há nenhum óbito relacionado com a vacina. Na zona da administração da vacina pode haver dor, pode haver algum edema ou algum inchaço, mas tudo isso é perfeitamente normal. Devem aplicar gelo. Pode também haver situações de febre, mal-estar, dores no corpo, dor de cabeça, cansaço, mas são tudo situações transitórias que se resolvem em pouco tempo, um a dois dias. É verdade que houve uma maior prevalência destes tipo de situações na segunda toma. Mas pode haver ajudas para minimizar esse impacto, como o paracetamol. Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública 8
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