Revista ACP Dezembro 2020

58 A mãe das pandemias modernas A gripe espanhola surgiu há 102 anos e foi a pandemia que mais matou em todo o mundo em tão curto espaço de tempo. Em 1918 e 1919 vitimou entre 50 a 100 milhões de pessoas. Só em Portugal foram mais de 60.000 A primeira vítima a adoecer com a gripe espanhola foi um soldado da base militar de Fort Riley, nos EUA, a dia 4 de março de 1918. Naquela semana mais de 200 soldados também foram infetados e em 14 dias mais de 1.000 militares foram hospitalizados. No pico da pandemia, mais de 1.500 foram atingidos por esta gripe que não causava os sintomas comuns. americanos que desembarcavam na Europa. Esta pandemia também ! cou conhecida como gripe pneumónica e desenvolveu-se em três vagas, com Portugal a não ser exceção. O primeiro surto aconteceu na primavera de 1918 e manifestou- se sobretudo entre trabalhadores alentejanos regressados de Espanha. Expandiu-se depois para outros pontos do País como Lisboa e Porto, onde não teve igual nível de gravidade. A segunda vaga foi muito mais mortal. Surgiu em agosto na zona do Porto alastrando-se para o Minho e Douro, passando também pelo centro. No mês seguinte atingiu o sul até chegar ao Algarve. Uma terceira vaga viria a ocorrer em maio e junho de 1919, mas sem o caráter devastador da anterior. Estima-se que em Portugal terão morrido mais de 60 mil pessoas com esta doença, que causou o maior número de vítimas em todo o mundo num curto espaço de tempo – entre 1918 e 1919 – e numa época já tão massacrada pela Primeira Guerra Mundial. As pessoas sangravam pelo nariz, pelos ouvidos e pelos olhos. A doença espalhou-se rapidamente pelo país e chegou ao lado de cá do Atlântico com a vinda dos soldados Há 102 anos também foi obrigatório o uso de máscara A gripe espanhola terá surgido nos EUA

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