Revista ACP Dezembro 2020
Gritam-nos a plenos pulmões que a solidão é a nossa salvação. Sentimos que o Luto se vestiu de preto muito mais vezes do que era suposto, que se cantaram mais marchas fúnebres do que era desejado e que perdemos mais entes queridos do que nos é permitido. Por estes dias, é-nos vedado estar em grupo, conviver como sempre fizemos, agir como coletivamente sempre nos ensinaram e, por força dessa alteração do real, deixou de estar disponível a renovação de contactos que sempre nutriu as relações sociais e o bem- estar intra e inter-individual. Ficar em casa e proteger-nos é, sem dúvida, vital. No entanto, o isolamento social – pedem-nos para ignorar o Ser Gregário que há em nós – acarreta outras consequências, além do afastamento físico, que são invisíveis ao olho e à desatenção. Vivemos, atualmente, um Luto pela idealização, pelos desejos, pela relação, pelas vontades e pela fantasia. Este Luto que se veste de INÊS FRITA ALMEIDA Psicóloga Clínica Mudar de Paradigma preto e está presente nos enterros, veste-se, também, com um manto da invisibilidade dentro de cada um de nós e ameaça, a todo o instante, aparecer novamente com a notícia, brutal: “acabámos de perder mais um desejo!”. Este desejo, o de cada um de nós, nasce, como todos, da idealização da vontade e do sonho, mas acaba com um “adeus” e uma marcha fúnebre; ainda que a consciência nos diga “Calma, vêm mais desejos amanhã”; e é certo. Elaboramos mais desejos no dia seguinte mas, aquele já não volta. Tal como as pessoas que se perderam nesta luta coletiva. Vivemos uma ameaça permanente e invisível que a qualquer momento pode atacar com maior vigor. A altura Natalícia que se aproxima, não será exceção. Viver o Natal em tempos de Pandemia nunca antes nos havia ocorrido. Contudo, não nos havia ocorrido, igualmente, que pudéssemos viver uma Pandemia. Temos vindo a adaptar-nos. Quem sabe já estamos adaptados e o Natal não será exceção. Somos indivíduos (subjetivos, muito individuais!) quando elaboramos um pensamento, o que nos permite duas formulações: a primeira que somos seres de hábitos e, à partida, resistimos a novos que nos sejam impostos; a segunda é que, apesar de contrariados, somos capazes de nos adaptar a situações externas ameaçadoras e desenvolver mecanismos que nos permitam sobreviver. Além das questões externas, as problemáticas internas são maleáveis, certamente, pela necessidade que daí advém. O Natal não será exceção. A solidão será atenuada pela sensação de solidão conjunta e a invisibilidade da tristeza será amparada pela certeza de que todos desejamos sentir-nos mais felizes. O setting terapêutico enche-se da procura pelas respostas, pelas interrogações ansiosas que precisam de ser escutadas e o desejo de alguém que anseia gerir as emoções e dizer: “Desta vez estou preparado”. Temos dois lados de uma moeda: por um lado a vontade do antigo e a saudade do que já foi; por outro a incerteza do futuro ao espelho com o desconforto do presente. Do oculto terceiro lado, sabemos que sobra o desejo comum de uma perspetiva brilhante e saudável deste Mundo Novo. Numa altura em que o acesso às consultas médicas não está fácil, obter prescrições na hora faz diferença, quer no combate à pandemia, quer no acompanhamento de outras doenças que não podem ! car para trás. Receita médica para teste COVID - Através de uma consulta de clínica geral com o Médico em casa do ACP via telemedicina (voz e/ou vídeo), será enviada por email a prescrição médica para análise PCR ao SARS-Cov2. Receituários de doença crónica – Pela mesma via, ligando 808 22 22 22 e escolhendo a opção “Médico em Casa”, qualquer sócio que precise de receitas para a sua medicação habitual pode solicitar emissão por email, sms ou correio. Para isso, basta que apresente receita médica anterior (e exames complementares de diagnóstico, se necessário). Na ausência de apresentação de receita médica, poderá solicitar a prescrição através de uma consulta por telemedicina (voz e/ou vídeo). Precisa de receita médica? Ligue para o ACP. 10
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