Revista ACP Outubro
13 houver também captura do carbono emitido. Já o hidrogénio verde é obtido com recurso à eletrólise da água (H2O), em que uma corrente elétrica separa as moléculas do hidrogénio (H2) e do oxigénio (O2). Mas para ser verde essa corrente elétrica tem de ter origem em energias renováveis, dado que não é produzido carbono para obter o hidrogénio. Este é o ponto central desta estratégia. Para que serve? Há já algum tempo que a indústria automóvel olha com interesse para o hidrogénio. Marcas como a Toyota (a pioneira) e a Hyundai têm apresentado propostas de carros (Mirai e o Nexo, respetivamente) a pilha de combustível (Fuel Cell Cars), uma tecnologia que faz precisamente o inverso do que acontece na produção do hidrogénio: mistura de novo o hidrogénio com água, gerando assim eletricidade. E o fumo que sai do escape é apenas vapor de água. Ou seja, os carros a pilhas de combustível são iguais aos carros elétricos, mas sem precisar de largas horas para carregar as baterias, bastando 2 a 3 minutos para encher um depósito e ter autonomias de 650 km. A Nasa, por exemplo, usa hidrogénio líquido nos seus veículos espaciais desde os anos 50. A Alemanha já homologou dois comboios regionais, movidos a hidrogénio e com capacidade para 300 passageiros cada, conseguindo percorrer 800 km com um depósito. E já há um barco de recreio movido a hidrogénio. Segundo a Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio, a e
ciência mostra-se, por exemplo, no facto de que a energia contida em 1 kg de hidrogénio equivale a 2,84 kg de gasolina. Na estratégia nacional está previsto atingir um consumo de 5% da energia
nal com base no hidrogénio, assim como 5% do consumo energético rodoviário e 5% do consumo energético industrial. Pretende-se ter a funcionar entre 50 a 100 postos de hidrogénio ao longo da próxima década. Objetivo é ter a funcionar até 100 postos de hidrogénio em 10 anos Onde, quando e quanto vamos produzir? Sines é para já o ponto fulcral da intenção do Governo, onde se vai começar a produzir hidrogénio com recurso à energia solar. A EDP vai abandonar já no início do próximo ano as instalações da central termoelétrica que ali tem, onde produz energia à custa da queima de carvão. O projeto para Sines, que tem a designação de Green Flamingo e vai custar cerca de 3, 5 mil milhões de euros, já atraiu o interesse de empresas portuguesas, como a Galp, a REN e a própria EDP, mas também de várias empresas holandesas, que se estão a reunir no consórcio Resilient Ventures e que tem por objetivo exportar o hidrogénio por via marítima até ao porto de Roterdão. O norte da Europa é onde está a maior concentração atual de uso de hidrogénio, mas do cinzento, o tal que não descarboniza o ambiente. Sines, quando a laborar em pleno, irá criar 5 mil postos de trabalho e produzir anualmente 465 mil toneladas de hidrogénio (cerca de 1 gigawatt), a que correspondem 18, 6 toneladas de dióxido de carbono eliminado. Quando vai começar a laborar? Ainda é incerto, mas o Ministério do Ambiente e da Ação Climática já revelou a ambição de ter as primeiras unidades de eletrolisadores a operar em 2022. Portugal está sozinho? Não, Portugal está a aproveitar uma onda europeia de investimentos no hidrogénio verde, corporizada na Aliança Europeia para o Hidrogénio Limpo, lançada em julho e que junta estados-membros, indústria, empresas tecnológicas, universidades, investidores e organizações não-governamentais. Com metas bem de
nidas, esta aliança quer ter uma capacidade instalada de hidrogénio verde na Europa de 6 gigawatts em 2024 e de 40 gigawatts em 2030. Tudo isto, estima-se, poderá vir a custar qualquer coisa como 430 mil milhões de euros. O Governo português já anunciou que pretende investir cerca de 400 milhões de euros nesta energia limpa a longo da próxima década. Setor automóvel também investe no H2
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