Revista ACP Julho
53 “branca” sobre locais que passam o ano com uma mancha “negra” em termos de emissões, agora voltámos todo a pegar no carro como se não houvesse amanhã. É certo que ninguém minimamente inteligente está disposto a correr riscos depois de estar dois meses fechado em casa, num dia a dia cheio de precauções em que só nos faltava tomar banho com os legumes do supermercado, sem encontros com os amigos, sem abraços aos “avós” e a desesperar por ver a o tema da escola a ser tão mal pensado pelo governo, com reflexos nítidos para os que tiveram de enfrentar esta situação com crianças em casa. Voltar a usar agora transportes públicos é uma opção apenas para os que não têm opção. Por muitas promessas que as autoridades façam de desinfeção e cuidado com os transportes, os portugueses sabem, pela maneira como funciona esta sociedade, que promessas leva-as o vento. E isso só pode significar a “morte” dos transportes públicos que, mais do que as festas ilegais e os encontros inopinados dos jovens, são a verdadeira boleia deste “bicho” maldito que entrou nas nossas vidas sem pedir qualquer licença. Lisboa uma cidade cada vez mais ao jeito das bicicletas Manuel Basto, sócio nº 55941 Como filho de Lisboa, há mais de seis décadas, fico chocado com algumas das alterações promovidas na nossa capital. Todos entendemos que o ritmo das grandes capitais europeias entra vertiginosamente nas artérias da nossa cidade, operando mudanças que refletem uma modernização absolutamente necessária, embora deva existir coerência em relação ao resultado. Retirar os automóveis do coração da cidade tem sido uma preocupação dos autarcas de Lisboa, mas não pode de forma alguma, ser uma obsessão. Nós vivemos numa cidade do sul da Europa, onde aos hábitos são completamente diferentes das capitais mais a norte, onde as bicicletas são um meio de transporte utilizado por grande maioria dos seus s habitantes. A autarquia da capital tem “semeado” sem critério inúmeras ciclovias no centro de Lisboa, sem que a sua utilização chegue a números simplesmente simpáticos. Projetar este tipo de pistas para bicicletas tem sido uma das grandes atividades do município, sem pensar nos estragos que elas podem causar a peões e automobilistas. Um dos casos mais gritantes é a ciclovia da Avenida Defensores de Chaves. Projetada de forma megalómana, esta pista de grandes dimensões, nos dois sentidos da avenida, quase não vê bicicletas a circularem. O grande objetivo camarário foi sem dúvida alguma dificultar ao máximo a circulação automóvel naquela zona, colocando inclusivamente inúmeros pilaretes de proteção à ciclovia, que dificultam qualquer tipo de manobra, inclusivamente a entrada em artérias perpendiculares à Avenida Defensores de Chaves, para já não falar no estacionamento que continua a ser explorado pela autarquia naquela artéria, e que convive paralelamente com a ciclovia. Manobrar para estacionar ou para mudar de direção, torna-se numa autêntica gincana, por entre pilaretes estrategicamente instalados para convencer os automobilistas a não circularem mais pela avenida. Se o senhor Fernando Medina pretende retirar em definitivo os automóveis do coração da cidade de Lisboa, é altura de assumir publicamente que o quer fazer, e não implementar artifícios mal concebidos, que apelidam de modernos e ecológicos, em defesa do meio ambiente. Este apenas um mero exemplo do que existe espalhado por toda a cidade, onde já há mais ciclovias do que bicicletas a circularem nelas. E já agora, não se surpreendam por favor com aquilo que poderá acontecer na Praça de Espanha. Pilaretes e Ciclovias nos Olivais Maria Cristina de Moura, sócio nº 157365 Há cerca de um mês, na Rua Cidade de Bissau, junto à Estação de Metro dos Olivais, foram suprimidas duas faixas de rodagem e transformadas em ciclovias com pilaretes metálicos. Desde então, os automóveis tanto na referida rua, vindos do lado do Shopping, como os que mudam de direção vindos da Avenida Cidade de Luanda, após o semáforo, deparam com um estreitamento inesperado das faixas. Facto, que tem causado um certo constrangimento na circulação local. Pergunta-se: Não seria mais adequado manter as duas faixas para a circulação automóvel ainda que adaptando, concomitantemente, a mais à direita para ciclovia com adequada sinalética no próprio asfalto? Aliás, existem exemplos em várias zonas dos Olivais e até no Parque das Nações.
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