Revista ACP Junho
53 Na beleza das ruas em calçada portuguesa também espreita o perigo Mário Reis, sócio 216439 A calçada portuguesa esse elemento de identidade da cidade de Lisboa é muito bonita, mas exige medidas de conservação e restauro específicas. E isso tem-se verificado em algumas zonas da capital, sobretudo ao nível dos passeios onde a autarquia decidiu incluir nesses trabalhos a colocação de placas de cimento, vistas como um piso mais estável e menos escorregadio nas áreas de maior declive. Essa mistura, da pedra com o cimento, nem sempre foi bem acolhida por quem vive e circula diariamente pela cidade. Uns consideram-na de gosto duvidoso, outros preferem ver mais o seu lado mais prático, reconhecendo que até facilita consideravelmente a mobilidade. Se passou a existir maior segurança nessas vias pedestres – e a Câmara de Lisboa diz que continua a fazer um inventário exaustivo da calçada que será para manter e aquela que vai merecer outro tipo de intervenção – o que dizer das muitas ruas em calçada portuguesa que existem em Lisboa, a pedir urgente tratamento? É o caso da muito movimentada Calçada da Estrela, que liga o jardim do lado da basílica ao final da Rua de São Bento, passando ao lado da Assembleia da República, que há décadas não merece qualquer atenção por parte da autarquia. Se em tempos, muito idos, chegou a estar repavimentada com alcatrão, cujos vestígios ainda existem, o certo é que está entre as ruas da cidade mais perigosas para circular. Sobretudo nos dias de chuva, em que nem mesmo caricatos 20 km/h impedem os condutores de poderem vir a ter acidentes. Então se o sentido for na descida, com a presença de carris dos eléctricos, tudo o cuidado será pouco, com os veículos a correrem o risco não de andar mas deslizar como se o piso fosse de manteiga… Situações destas também deviam ser revistas para as tornar mais seguras. Sempre à espera do melhor rali do mundo António Santos, sócio 55941 O entusiasmo por um dos maiores acontecimentos desportivos do País, foi sempre explicado como um evento fora do comum, interpretado pelos portugueses como um caso de sucesso que projetou Portugal além-fronteiras. Acompanhei à distância, e ainda muito jovem, as primeiras edições do Rali Internacional TAP, que muito rapidamente se tornou uma referência desportiva, registando logo na 2ª edição da prova um recorde de 190 inscritos que ainda hoje dura. Estávamos no ano de 1968 e, a partir daí a prova transformou-se numa referência, que lhe valeu por diversas vezes a título de “Melhor Rali do Mundo”. Ainda a despertar para fenómenos deste tipo, diversos grupos de amigos mobilizavam-se para ir para a estrada, apoiar mais de uma centena de concorrentes, mas também aproveitar a ocasião para momentos inesquecíveis de confraternização e emoção. José Carpinteiro Albino, num Renault 8 Gordini, venceu em 1967 a 1ª edição, gravando a ouro o seu nome numa das maiores provas de ralis do mundo. A partir daí, Portugal foi invadido pelos grandes senhores dos ralis mundiais, com Tony Fall em Lancia Fulvia HF a triunfar na 2ª edição da prova portuguesa, mas com Francisco Romãozinho a vencer no ano seguinte. Mais de meio século depois, a nossa paixão continua, num apoio incondicional a uma prova que nos coloca nas bocas do mundo. Este ano, a surpresa de uma pandemia criou o pânico mundial, mas também alertou para novas formas de estar no desporto automóvel. Nós, ao longo destes anos percorremos o país inteiro a acompanhar o agora Vodafone Rally de Portugal, com organização irrepreensível do ACP. Desde os troços míticos da região centro, passando pelas especiais minhotas que consagraram a zona de Fafe, ou mesmo os saudosos troços de Sintra que tanta polémica e emoção despertaram, nós, os eternamente apaixonados pelo nosso rali, iremos sempre proteger a nossa prova, seja nas estradas alentejanas ou algarvias, como em qualquer especial do país. Este ano tudo será diferente. Não foi possível levar o Rally de Portugal para a estrada em maio, nem sequer em outubro. Vamos sentir a sua falta, mas estamos seguros de que Portugal é imprescindível para o WRC, e que a organização do nosso clube continuará bem cotada a nível internacional, garantindo que o nosso rali irá fazer parte do panorama do mundial de ralis. Vamos acreditar que em 2021, a prova vai regressar mais forte e emocionante. Pelo nosso lado, a forte equipa dos eternos apaixonados, tudo faremos para que isso seja possível.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy ODAwNzE=