Revista ACP Junho

JUN I 2018 7 o Mercedes GLC F-Cell, que irá ser lançado este ano, armazena quatro quilos de hidrogénio líquido em dois depósitos em fibra de carbono de alta pressão (700 bar), precisando apenas de três minutos para abastecer, para uma autonomia de 450 quilómetros. A segurança dos depósitos é também um dos aspectos que estão a ser melhorados. Ou seja, um carro a hidrogénio, ou pilha de combustível, já resolveu dois dos principais problemas dos carros com baterias elétricas: tempo de carregamento e autonomia, pois as baterias demoram, na melhor das hipóteses, quase uma hora a carregar e muito raramente atingem 300 quilómetros de autonomia. O maior obstáculo ao hidrogénio é a produção, o armazenamento e o transporte de forma sustentável Na Alemanha só existem 32 postos de abastecimento mas daqui a cinco anos pretende-se que sejam 400 Tal como há 20 anos a Toyota apostou, contra tudo e contra todos, nos veículos híbridos (motor a combustão associado a um motor elétrico), também se virou para o hidrogénio. Só que, ao contrário de 1997, em que o “rosto” desta aposta chamava-se Prius Hybrid, agora o investimento está na logística, ou seja, a Toyota está a gastar muito dinheiro para desenvolver a produção, transporte e armazenamento de hidrogénio, tentando resolver o principal problema desta alternativa energética de zero emissões. Foi por isso que anunciou a construção de uma fábrica de hidrogénio nos Estados Unidos, no porto de Long Beach, na Califórnia, a par de uma fábrica de geração de energia de pilhas de combustível que, quando estiver pronta, daqui a dois anos, irá produzir diariamente cerca de 2.35 megawatts e 1.2 toneladas de hidrogénio, energia suficiente para alimentar 2350 casas de tamanho médio e 1500 veículos em deslocações diárias. Este complexo, chamado de Tri-Gen, é a chave que a Toyota está a desenvolver para uma sociedade centrada no hidrogénio. E até já tem uma parceria com uma petrolífera, a Shell, para desenvolver mais estações de hidrogénio. O hidrogénio é um tema que anda a ser investigado e testado pela Mercedes há algum tempo (desde 2002), o suficiente para um dos responsáveis da marca, Roland Folger, ter revelado já este ano que “em 2040 quase todo o mundo vai estar a guiar carros movidos a hidrogénio”. Folger reagia assim ao anúncio feito pela Índia, um mercado de dimensão ao nível da China, de que iria apostar nos veículos elétricos. Mas não é só a Mercedes que anda em testes com motores a pilha de combustível. Na Europa quase todas as principais marcas, como Ford, BMW, FIAT, Peugeot, Alfa Romeo e Audi já lançaram os seus protótipos e até já comercializaram alguns modelos, mas a maior parte destes investimentos arrefeceu a partir da crise económica de 2007 a 2012. O principal investimento nesta solução vem da Ásia, de novo com a Toyota a fazer de ponta lança, logo seguida pela Hyundai, com o Nexo, e a Honda, com o Clarity.

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