Revista ACP - Junho

6 JUN I 2016 Naquele sábado quente de agosto, o País acordou com grande expetativa pelos momentos de emoção que ia viver nas próximas horas até alta madrugada. Lisboa e Almada estavam no centro das atenções, porque a partir daquele dia iam ficar unidas pela ponte Salazar, uma das grandiosas obras do Estado Novo. Carlos Bráz conserva esse dia bem gravado na memória. Há 50 anos tinha pouco mais de 30 e estava em Lisboa de férias com a família, por isso, teve a oportunidade de estar na inauguração de uma obra que deixou milhares de portugueses deslumbrados. O que não adivinhava era que também ele ia ser protagonista no acontecimento. Muitas horas antes do tempo previsto para a circulação de automobilistas na ponte, já Carlos Bráz aguardava impaciente pela travessia até Almada. Mas este ex-motorista de uma fábrica de lanifícios, em Seia, teve que esperar até às três da tarde, altura em que a polícia deu ordem para avançar. A confusão estava instalada e todos se atropelavam para chegar primeiro ao tabuleiro da ponte quando Carlos Bráz arrancou ao volante do seu Morris Mini, verde, e só depois é que reparou que tinha sido o primeiro a entrar na ponte “deslumbrado pela paisagem que via, ao meu ritmo, sem carros à frente”. Quando chegou à outra margem foi recebido como um herói pelos jornalistas que queriam saber porque tinha sido o primeiro e até mereceu os cumprimentos do Presidente do Conselho e do Cardeal Cerejeira. “Senti-me apenas um português que tentou deixar a sua marca na história. Sempre fui muito aventureiro e com um espírito de descoberta enorme, foi isso que senti naquele momento” esclarece Carlos Bráz, que a seguir foi com a família comer umas sardinhas preferindo depois voltar para Lisboa de ferry boat. Mais tarde, quando regressou a Seia sentiu que “todos estavam muito orgulhosos por ter sido um beirão, o pioneiro dessa travessia”. Passaram quase 50 anos quando Carlos Bráz voltou, recentemente, a reviver a emoção daquele dia para um programa de televisão. “Adorei voltar a fazer a travessia MILHÕES DE PESSOAS, CÁ DENTRO E LÁ FORA, FICARAM DESLUMBRADAS COM A INAUGURAÇÃO DA MAIOR PONTE PROJETADA PARA TRÁFEGO RODOVIÁRIO E FERROVIÁRIO. CORRIA O ANO DE 1966 QUANDO ESTE GRANDE SONHO PORTUGUÊS FOI MOSTRADO AO MUNDO. A 6 DE AGOSTO COMEMORA O SEU 50º ANIVERSÁRIO Senti-me apenas um português que tentou deixar a sua marca na história Carlos Bráz, primeiro automobilista a atravessar a ponte

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