Revista ACP - Junho

14 JUN I 2016 OBRAS A DERRAPAR NOS PRAZOS Além de ter lançado um grande conjunto de obras em simultâneo, a autarquia de Lisboa está a começar a derrapar nos prazos, o que aumenta o desespero de quem circula de automóvel na cidade. Eixo Central, Segunda Circular, Campo das Cebolas e Cais do Sodré. Só este conjunto de intervenções é suficiente para deixar de cabelos em pé os automobilistas que circulam em Lisboa. Mas agora pode somar, neste hiperativo ano pré-eleitoral, o conjunto das obras do programa Pavimentar, pois a maior parte está a derrapar nos prazos. Exemplo disso são as avenidas Praia da Vitória, Rovisco Pais e Duque d’Ávila (todas nas Avenidas Novas) e a Avenida Miguel Torga, em Campolide. Orçadas em 25 milhões de euros, o programa Pavimentar promete intervir em 150 arruamentos até 2017, sendo que 29 deles estavam em execução no fim de maio. Ou seja, se tudo corresse dentro do previsto, o caos seria suficiente para descabelar os automobilistas, mas não está… Mais uma obra para entupir o trânsito de Lisboa. Neste caso, será a da Segunda Circular que vai arrancar... ainda não se sabe bem quando, pois o Vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, afirma que são para já, ao passo que o presidente da autarquia, Fernando Medina, diz que só em julho ou agosto. Apesar das tentativas, a Câmara de Lisboa não respondeu a essa questão até ao fecho desta edição. Seja como for, mediante o cenário já em andamento, esta intervenção na Segunda Circular promete aumentar o caos. Uma opinião também defendida pela Ordem dos Engenheiros que, a par das críticas do ACP, considera ser difícil gerir tantas obras e ter pouco impacto no trânsito de Lisboa com tal calendarização simultânea. Recorde-se que até novembro as principais obras da cidade - Eixo Central, Cais do Sodré, Campo das Cebolas e Segunda Circular - vão estar a decorrer ao mesmo tempo. A somar aos problemas já descritos, a Avenida de Ceuta vai entrar em obras de pavimentação por quase três meses, embora a autarquia garanta que não vá haver corte total de circulação automóvel. Esta avenida já tem sofrido com o estrangulamento do tráfego verificado no cruzamento com a Avenida António Augusto de Aguiar, que por sua vez tem bloqueado o trânsito na Praça de Espanha, propagando as longas filas de viaturas até quase Alcântara. Agora vai ser pior. • Introdução de estacionamento nos dois lados da Av. Miguel Bombarda, mal sinalizado e sem marcação das duas vias de tráfego que sobram, o que, a somar às outras intervenções desastradas nesta zona, só causou mais dificuldades no atravessamento da Av. da República. As filas de trânsito chegam até à Praça de Londres. • Anúncio da passagem a sentido único da R. Filipa de Vilhena para introdução de uma pista ciclável, o que irá contribuir para o fecho de mais uma alternativa de ligação norte-sul na zona das Avenidas Novas, passando então esta rua a funcionar como eixo de atravessamento. • Mau desenho nos acessos provisórios ao túnel do Marquês a partir da Av. Fontes Pereira de Melo , o que, agravado pela não correção dos tempos dos semáforos no cruzamento com a Av. António Augusto Aguiar, aumenta os efeitos do estrangulamento devido às obras no “Eixo Central” nesta zona e congestiona ainda mais toda a Av. Fontes Pereira de Melo. Não contente com a inversão das prioridades de intervenção na rede viária de Lisboa e com o abandono dos programas de articulação entre o transporte individual e o coletivo, a CML manifesta, com este tipo de intervenções a eito e sem qualquer avaliação das suas consequências no funcionamento da cidade, um completo desrespeito por quem vive e trabalha na cidade e revela uma incompetência que não é admissível em quem gere uma capital europeia. A secundarização do papel e a marginalização dos serviços técnicos de tráfego da CML, só veio piorar a situação do trânsito em Lisboa e demonstrar que decisões políticas que não se baseiam em estudos sérios e em técnicos habilitados para os realizarem, têm consequências nefastas para todos e para a cidade. SEGUNDA CIRCULAR É PARA JÁ? AVENIDA DE CEUTA CONDICIONADA