Revista ACP - Maio

8 MAI I 2016 A história do seu primeiro carro é curiosa porque preferiu um carro mais modesto daquele que o seu pai queria oferecer-lhe. É verdade. Como queria muito participar no Troféu Datsun e no Campeonato de Promoção de ralis em terra só podia concretizar esse desejo com um Datsun 1200 e nunca com um Datsun 1600 SSS que não me permitia participar nas duas coisas. Além disso, o 1200 era um carro mais jovem e moderno, indicado para alguém com a minha idade na época e servia igualmente para as minhas deslocações diárias. Dê-nos dois ou três nomes de grandes pilotos internacionais que mais admira. Para mim nos ralis havia um piloto um furo ou dois acima dos outros: Henri Toivonen. Em pista, sou mais consensual: Ayrton Sena. Mas há que considerar o enorme talento do Walter Rohrl, assim como o do Alain Prost em corrida. Um episódio dos tempos dos ralis que nunca esqueceu. As tristes sabotagens no Algarve em 1984. Sim, foram duas. A primeira durante a 1ª etapa, a umas três classificativas do seu final. Uma geringonça obrigou-nos a passar por um determinado sítio, quase por fora da estreita classificativa, onde terão sido colocados pregos. Resultado: dois furos e, de comandante da prova, passámos para 7º ou 8º lugar. Assim ficou determinado o nosso lugar na ordem de partida para o dia seguinte, para a 2ª etapa. As condições que enfrentámos foram do pior. Ainda assim, chegámos ao final dessa etapa em 3º da geral. Precisávamos de ficar à frente do Carlos Bica, o que seria uma formalidade durante a 3ª etapa. Depois, bem, depois aconteceu emMonchique o que todos sabem. Uma diabólica mente ordenou uma diabólica sabotagem, com sucesso. Que conselho daria a um jovem estreante na competição? Um jovem que inicia a sua atividade na competição precisa de determinação, ambição, ser um bom relações públicas, estar em grande forma física e ter uma coisa que não se compra: talento. Continua a matar saudades nas pistas? Hoje já não, mas há uns 12, 14 anos ainda participei em algumas provas organizadas pela Publiracing. Cheguei a ganhar umas 24 horas — já nem sei onde — numa equipa das tintas CIN. Datsun 1200, desenhado por Joaquim Moutinho. Joaquim Moutinho (sócio 72366) estreou-se na competição automóvel com o seu primeiro carro. Seguiram-se 15 anos a somar sucessos tornando-o num piloto que ficará para a história dos ralis em Portugal como um grande senhor do desporto motorizado AQUELA AJUDA DO ACP NA ESTRADA JUSTIFICOU TODO O MEU TEMPO DE SÓCIO Qual é o seu carro de sonho? O Porsche 911 turbo S, porque tem lá tudo. Qual foi a avaria mais grave que teve na estrada? Fiquei uma vez parado numa estrada perto de Torres, quando regressava ao Porto vindo de casa do amigo Lipa. Isto sucedeu há uns bons 30 e tal anos. Foi com um Golf GLI Cabriolet e nunca percebi porquê. Sei apenas que se tratou de um problema elétrico. E como sócio, contou com a ajuda do ACP? Na altura não dispunha de telemóvel. Foi um sarilho sair daquela situação. Bem diferente seria hoje. Há poucos anos furei um pneu à saída de Lisboa em direção ao Norte. Não sei se as pessoas têm noção do que é estar parado numa berma de autoestrada com milhares de veículos a passarem a velocidades elevadas. É um pesadelo e é assustador. Valeu-me o serviço permanente do ACP, que se apresentou rapidamente e mudou a roda — uma jante 19 polegadas muito larga e pesada — com enorme facilidade. Ainda recordo que aquela ajuda, só por si, justificou todo o meu tempo de sócio do ACP. Não precisaria de mais nada para me sentir compensado.

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