Revista ACP - Março

MAR I 2016 Fica a poucos quilómetros de Bragança, já quase a chegar a Espanha, o local onde pode encontrar uma das maiores concentrações de modelos das motorizadas Famel em Portugal. Chama-se Babe, tem 238 habitantes e dezenas e dezenas de modelos de motociclos de fabrico nacional, sobretudo as produzidas na Famel, em Mourisca do Vouga, Águeda, fábrica que abriu falência em 2002. Para perceber a dimensão desta “febre” que há três anos assola Babe, basta ver o exemplo de Bruno Miguel, de 26 anos, dono de mais de 40 motas de fabrico nacional, sendo pelo menos 15 delas da marca Famel. Na sua posse tem modelos como a mítica XF – 17, Z3, Z1, 77, Mirage, Periquito e ainda um exemplar da Foguete e outro da Foguetão. Mas Bruno também é dono de vários modelos da SIS Sachs (a V5 foi dos modelos mais famosos), uma marca que, tal como a Casal (a Casal Boss foi um sucesso), também nasceu no distrito de Aveiro, o principal ninho das marcas de motorizadas que fizeram a história das duas rodas em Portugal. Tudo começou em 2012, quando Bruno e alguns amigos começaram a recuperar Há quem se Babe pelas Famel Há décadas que as motas japonesas tomaram conta do mercado português, mas numa pequena aldeia povoada por irredutíveis transmontanos ainda se resiste ao “invasor”. Em Babe, quase todas as motas são portuguesas, com a Famel em grande destaque estas motas. “Muitas vezes chegávamos às aldeias aqui à volta de Babe a perguntar se havia motas destas esquecidas nos barracos e arrecadações e até nos pediam o favor de as levar”, recorda Bruno. Com o passar do tempo, Bruno foi-se especializando na sua recuperação e até criou uma empresa: “tendo comigo todo o material necessário, cada mota pode demorar cerca de uma semana a semana e meia a ficar pronta”. E a verdade é que a procura por estas motas, como a Famel XF – 17, já assumem valores relevantes: “uma Famel bem recuperada pode chegar aos dois mil euros”. Há dois anos foi criado em Babe o motoclube “Os Bravios”, que já conta com cerca de 90 sócios. “Todos os anos são nomeados quatro ‘mordomos’ que ficam encarregados de organizar todas as atividades, comoos passeios e encontros”, descreve Bruno, que destaca ainda a troca de informações e peças entre os sócios como principal função do clube. Tudo em nome da Famel, cujo nome era muitas vezes traduzido por “F***-se, A Mota É Linda”. 16

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