Revista ACP Outubro

pela procura local ou residencial. Apenas há uma certeza: estes parques vão ter como efeito negativo direto, a médio prazo, a clara indução de tráfego rodoviário de e para o centro de Lisboa. 7 OUT I 2018 é uma política importante (construir parques dissuasores), mas mais importante ainda é investir para que os carros não cheguem sequer a entrar na cidade”, referindo-se a uma maior aposta nos transportes públicos. Também o vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, reconhece algumas falhas nas opções tomadas: “Nós concordamos (com os parques dissuasores) mas a verdade é que aqueles que já existem acabam por ter muitos lugares disponíveis”. Gaspar exemplifica com o caso da Ameixoeira, um parque dentro de Lisboa que custou meio milhão de euros: “tem uma média ocupação diária de 350 carros e tem capacidade para 550, ou seja, há 200 lugares que ficam sempre vagos”. A verdade é que no presente os factos mostram que não há transportes em quantidade nem qualidade e a cidade também não dá resposta eficiente às centenas de milhar de solicitações de estacionamento. Esta proposta, foi concebida como instrumento de apoio à alteração nos parâmetros de mobilidade e acessibilidade à cidade de Lisboa, fundamental se se pretende melhorar a qualidade ambiental urbana, em favor de uma mobilidade sustentável, promovendo ainda a redução dos índices de poluição entretanto aumentados – o caso da Avenida da Liberdade é disso exemplo. FALSOS PARQUES DISSUASORES Em maio de 2017, a Câmara Municipal de Lisboa, anunciou a intenção de criar 4555 novos lugares de estacionamento em parques dissuasores. O objetivo seria travar a entrada de mais viaturas no centro, diminuindo assim os volumes de tráfego na cidade bem como os elevados níveis de poluição atmosférica. Deste conjunto de sete parques, o da Ameixoeira foi o primeiro a abrir. O parque da Pontinha está em vias de conclusão, bem como o parque de Chelas. A somar a estes três parques, está prevista, ainda, a construção de parques periféricos no Areeiro, com 300 lugares; na zona de Pedrouços, com 150; e ainda parques junto aos estádios de Alvalade e da Luz. O problema destes parques de estacionamento dissuasores é que, na verdade, não o são. Excluindo Pedrouços e Pontinha, estamos a falar da criação de estacionamento já no interior da malha da cidade. Com esta solução, evitar a entrada de mais veículos na cidade misturando desejos de viagem opostos, deitando por terra qualquer esforço de investimento na rede de transportes públicos, com vista à implementação de medidas e soluções técnicas com vista ao aumento da velocidade comercial dos diferentes operadores, sobretudo da Carris. A solução dos parques dentro da cidade revela resultados pouco animadores. É impossível saber se a sua utilização diária decorre da procura de utilizadores não residentes na cidade, ou são apenas utilizados Entram em Lisboa 370 mil veículos por dia, a que se juntam mais de 375 mil residentes na cidade FLUXOS DE ENTRADA Proposta de localização - Parques de estacionamento dissuasores em Lisboa Um dos parques anunciados que pode realmente dissuadir a entrada de carros na cidade é o da Pontinha, com 2200 lugares, mas vai chegar mais de um ano depois da data prometida pela EMEL. Mas mesmo esta alternativa já estará a ser questionada, a avaliar pela mais recente posição camarária. O presidente da autarquia, Fernando Medina, parece já ter essa noção: “Esta

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